Plano Estadual de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono do governo do Estado totaliza 1,52 milhão de hectares
Plano atinge metade do ciclo, que vai até 2030, para incentivar adoção de práticas sustentáveis pelos produtores gaúchos
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O governo do Estado promoveu na terça-feira (9/12), um workshop no auditório da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) para apresentar o balanço parcial do Plano Estadual de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC+RS). Em 2025, a iniciativa atinge a metade de seu ciclo, que vai até 2030.
No Rio Grande do Sul, a adoção das tecnologias previstas pelo Plano ABC+ totalizou 1,52 milhão de hectares entre 2020 e 2025. As maiores expansões ocorreram no sistema de plantio direto de grãos (SPDG), com 691 mil hectares — 15% acima da meta de 600 mil hectares —, na integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), com 454 mil hectares, e nas práticas de recuperação de pastagens degradadas (PRPD), que somaram 260 mil hectares.
Integração e compartilhamento de ações
O encontro teve como objetivo reunir as entidades participantes para apresentar as ações realizadas ao longo de 2025 nas áreas de pesquisa, extensão rural e transferência de tecnologia, fortalecendo o cumprimento das metas do plano e incentivando a adoção das práticas pelos produtores.
“Observamos um engajamento e comprometimento significativos por parte das entidades na promoção de ações que beneficiem o produtor gaúcho, buscando maior eficiência e resiliência”, avaliou o engenheiro florestal da Seapi e coordenador do Plano ABC+RS, Jackson Brilhante.
Segundo Brilhante, parte das metas já foi alcançada, enquanto outras ainda demandam maior atenção e apoio por meio de programas específicos do Estado. “Nossa reunião visa integrar os participantes, facilitando o compartilhamento de dados e a troca de experiências. Acreditamos que essa interação fortalece as diversas iniciativas já em andamento”, ressaltou.
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Avaliação das estratégias
Integrada ao Plano ABC+, uma das equipes de pesquisa é a do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria. Representando o grupo no workshop, o professor Jorge Farias destaca que a frente de trabalho desenvolve um projeto que abrange duas linhas principais: a avaliação das emissões de gases de efeito estufa no setor primário — com foco na agricultura, pecuária e florestas — e o desenvolvimento de estratégias para mitigar e remover carbono da atmosfera.
“O projeto contempla oito eixos que investigam as principais culturas agrícolas do Estado: soja, arroz, erva-mate, nogueira-pecã e videiras, além da agricultura comercial e da produção de pinus e eucalipto. Uma novidade são os sistemas silvipastoris, que integram pastagens e florestas”, explicou.
Farias acrescenta que o objetivo dessas estratégias é reduzir o impacto do aquecimento global e remover carbono da atmosfera, ao mesmo tempo em que se busca aprimorar a produção agrícola, pecuária e florestal, com menor emissão de gases.
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Milhares de agricultores atendidos
O engenheiro agrônomo Elder Dal Prá, coordenador do projeto de agricultura de baixo carbono na Emater/RS, explica que o trabalho de extensão busca fomentar o uso de práticas agrícolas sustentáveis e reduzir as emissões de carbono.
“Em relação aos atendimentos vinculados ao Programa ABC, já alcançamos cerca de 12 mil famílias, com assistência técnica específica prestada a mais de 4,5 mil delas. Considerando outras ações relacionadas ao programa, o número de agricultores beneficiados chega a aproximadamente 40 a 50 mil, incluindo aqueles que recebem apoio no preparo do solo, no desenvolvimento de sistemas de produção adequados ou na adoção de outras tecnologias”, pontuou.
O Estado também avançou no manejo ambiental. Foram tratados aproximadamente 880 mil m³ de resíduos da produção animal, que, sem manejo adequado, geram metano — gás com potencial de aquecimento global 28 vezes superior ao do CO₂. Com o uso de biodigestores, esses resíduos são convertidos em biogás e biometano, ampliando os ganhos ambientais e energéticos.
Resultados nacionais
No cenário nacional, os dados também indicam expansão na adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono. Desde o início do ciclo, houve a incorporação de 37,71 milhões de hectares com práticas sustentáveis, o tratamento de 8,19 milhões de m³ de resíduos da produção animal e o abate de mais de 15 milhões de animais em sistemas de terminação intensiva (com menos de 36 meses).
O representante da Superintendência Federal do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) no Rio Grande do Sul, Irineu Leal, destacou a dinâmica do plano. “Nosso papel é incentivar e motivar a execução, mas quem realiza toda a implementação do plano é o Estado”, afirmou.
Entre as tecnologias de maior impacto no país estão as PRPD, que somam 16,94 milhões de hectares, o SPDG, com 8,21 milhões de hectares, e os bioinsumos, já utilizados em 7,66 milhões de hectares. Ao todo, as ações resultaram na mitigação de 198,58 milhões de toneladas de CO₂ equivalente.
Texto: Elstor Hanzen/Ascom Seapi
Edição: Secom