Certificado internacional abre novas perspectivas para suinocultura no RS
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Além de reconhecer os resultados do trabalho sanitário desenvolvido na suinocultura gaúcha, o certificado de Zona Livre de Peste Suína Clássica, que será entregue ao Rio Grande do Sul na próxima quinta-feira (28), na França, abre novas perspectivas aos produtores. A certificação chega depois de mais de 20 anos de investimentos em defesa animal e vale como um atestado de qualidade da carne produzida no Estado na busca de mercados mais exigentes.
No município de Tupandi, na Região do Vale do Caí, por exemplo, a cada 30 dias, a propriedade do jovem produtor Carlos Schuh, 30 anos, recebe lotes de suínos. Para as trocas, os galpões onde os animais são alojados passam por uma rigorosa limpeza. "Além disso, tomamos muito cuidado no dia a dia, como evitar o fluxo de pessoas nos chiqueiros”, explica.
Carlos, que toca o negócio ao lado de sua esposa, Grazieli Schneider, 20 anos, é um exemplo também de sucesso em sucessão familiar no meio rural. Em 2010, quando decidiu dar seguimento à suinocultura iniciada pelo pai, assumiu a fazenda com mil porcos. Hoje, cinco anos depois, são mais de 2,5 mil animais. Mas a atitude de aumentar a produção fez também com que as preocupações sanitárias se elevassem.
"Nosso maior desafio foi resolver o que faríamos com o dejeto orgânico desses animais", conta. A saída foi construir um centro de compostagem ao lado do galpão dos porcos, ideia que não somente deu certo como também está gerando lucros. Todos os dejetos são transferidos para a área de compostagem por mangueiras e misturados até que a parte líquida se evapore. "Tenho oito hectares de milho e não preciso comprar adubo, uso o que produzimos aqui." No ano passado, Schuh chegou a vender material para um produtor de pepinos de Minas Gerais.
Famílias unidas - Entre os cerca de 4 mil habitantes de Tupandi, histórias como a dos Schuh, em que a família se une para o trabalho no campo, não são incomuns. A cidade, com área territorial de cerca de 60 km², leva o título de município com a maior produção de agronegócio por quilômetro quadrado do Brasil.
Somente no setor de suínos, o abate gira em torno de 60 mil porcos por ano. Na área avícola, são 4 milhões de aves alojadas por lotes de corte – sendo que a média anual de vendas é de oito lotes. Grazieli conta que, no início, seus pais foram contra o fato de ela largar os estudos para produzir ao lado do marido. "Eles não queriam, mas essa aqui é a nossa vida. É o trabalho no campo", diz.
Status sanitário - Embora não haja um indicativo mensurável quanto à abertura imediata de mercado a partir da emissão do certificado de Zona Livre de Peste Suína Clássica, o status sanitário confere um novo grau de qualidade da carne a ser exportada. A entrega da certificação ocorre em Paris, durante assembleia da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). O governador José Ivo Sartori e o secretário da Agricultura e Pecuária, Ernani Polo, participam da cerimônia.
Texto: Gabriel Munhoz
Edição: Cristina Lac/CCom