Visitas guiadas incentivam crianças e jovens a conhecer história do RS
Publicação:

Se estivesse vivo, o pintor italiano Aldo Locatelli (1915-1962) ficaria feliz com a declaração da pequena estudante Laís Dorneles, de oito anos: "Nossa, eu levaria mil anos para conseguir fazer tudo isso!". A menina, que adora desenhar, se refere aos 23 murais que o artista pintou no Palácio Piratini, mas num prazo bem menor do que o imaginado por ela: Locatelli demorou quatro anos, entre 1951 e 1955. Esta foi apenas uma das tantas curiosidades que a Laís e os colegas aprenderam durante uma visita guiada à sede do Poder Executivo do Rio Grande do Sul.
A turminha do terceiro ano do Ensino Fundamental do Colégio Marista Champagnat, de Porto Alegre, visitou o local onde trabalha o governador. O passeio, com guia turístico, inclui os dois principais salões do prédio: o Negrinho do Pastoreio e o Alberto Pasqualini. É onde ficam as maiores obras de Locatelli, que ilustram momentos e personagens da história do nosso estado, e os impressionantes lustres de cristal, réplicas dos usados no Palácio de Versalhes, na França. O lustre do salão Alberto Pasqualini pesa uma tonelada.

A professora Sheila Werner, do mesmo colégio, diz que a experiência complementa as lições da sala de aula. "Durante o terceiro ano, eles estudam a capital, os pontos turísticos, os momentos marcantes. Então, trazê-los ao Palácio Piratini é contar essa história. Por que existe o Palácio? O que tem aqui? O que já aconteceu aqui?", explica.
Carros antigos fazem sucesso
Além dos grandes salões do segundo andar e da escadaria de mármore, os visitantes podem chegar bem pertinho de outras relíquias: dois carros antigos que já foram veículos oficiais de governadores e presidentes: um Ford Model T, de 1918, e um Stutz, de 1928. O mais antigo tem todas as peças originais, mas não funciona mais. O modelo alemão ainda participa do desfile do Dia do Gaúcho, 20 de Setembro, menos quando chove.

Os automóveis costumam ser o xodó das crianças e adolescentes. William Gustavo Grzechota, 13, não parou de bater fotos: "Eu adorei. Eu pesquiso e estudo bastante os carros antigos. Gostei mais daquele que tem todas as peças originais. Vou colocar tudo nas redes sociais", contou, sorridente.
A viagem de 430 quilômetros até a capital valeu a pena. William veio de Catuípe, na região Noroeste, com cinco professores e mais 31 colegas do oitavo ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Barão do Rio Branco. O Palácio Piratini recebe muitos grupos do interior. O professor Carlos Eduardo da Silva Calabria diz que a correria vale muito a pena: "Todos os anos a gente traz os alunos do oitavo ano para fazer essa visita, para conhecer os prédios dos três poderes do Estado. Para eles, é muito importante porque vivenciam na prática o que aprendem na teoria. Essa ponte entre o ler e o ver é fundamental".

A aluna Caroline Konageski, 13, concorda: "Eu nunca tinha vindo e adorei. É uma experiência muito legal vir e conhecer tudo de perto, porque é um local importante pra cidade e pro estado". Foi por isso que a Melissa Maia, 8, registrou todos os momentos da visita: "Eu gosto de tirar foto porque eu gosto de guardar lembranças".
E, assim, de selfie em selfie, o quase centenário Palácio Piratini, que fez 97 anos em 2018, vai entrando cada vez mais para a história.
Como visitar o Palácio Piratini
As visitas guiadas são gratuitas e acontecem de segunda a sexta-feira pela manhã (9h30, 10h30 e 11h30) e pela tarde (14h, 15h, 16h e 17h). É só chegar uns minutos antes. Grupos acima de dez pessoas e escolas precisam agendar pelo telefone (51) 3210-4168. Os horários e os roteiros podem mudar de acordo com a agenda do governador.
>> Conheça outras opções de visitas guiadas:
Memorial Theatro São Pedro
Pertinho do Palácio Piratini, também na Praça da Matriz, no centro histórico de Porto Alegre, é possível fazer outros passeios culturais. Uma das opções é o Memorial do Theatro São Pedro, que conta a história do teatro em três salas e também as exposições. Na sequência, se não houver ensaios, é possível seguir para o teatro, que completou 160 anos em 2018 e é o mais antigo e importante da capital. As visitas guiadas são gratuitas e não é necessário agendar. Podem ser feiras de terça-feira a sábado, das 15h às 18h30. O telefone é (51) 3227-5100.
Casa de Cultura Mario Quintana
A visita guiada é feita com um guia turístico e dura entre uma hora e uma hora e meia, em qualquer dia da semana. Com exceção do teatro e do auditório, o passeio percorre praticamente todo o local, como bibliotecas e galerias. O visitante conhece mais sobre a vida e obra do poeta gaúcho Mário Quintana, a importância histórica dos prédios e das celebridades que dão nome aos espaços da casa. A CCMQ foi aberta em 1990, mas a história começou em 1916, com a construção do antigo Hotel Majestic, considerado um marco da capital. É preciso agendar a visita com o guia Carlos Carvalho, pelo telefone (51) 98457-8531 ou pelo e-mail ccarvalhoguiadeturism@gmail.com. O valor é de R$ 10 por pessoa, sendo que alunos da rede pública pagam no máximo R$ 8.
Crianças e adolescentes também podem fazer um passeio mais lúdico na Biblioteca Lucilia Minssen, que tem um acervo de 17 mil volumes, além de folhetos, jornais, gibis e jogos. É preciso agendar pelo email bibliotecalucilia@gmail.com. Os valores por aluno são de R$ 8 para escola pública e R$ 12 para escola particular.
Biblioteca Pública do Estado
A Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul, criada oficialmente em 1871, foi aberta ao público na sede definitiva (Rua Riachuelo, 1190) em 1922. O acervo conta com cerca de 240 mil livros. Outro atrativo são os murais pintados no segundo andar. Funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, e aos sábados, das 14h às 18h. A visita é de graça, conduzida por um historiados ou bibliotecário. Grupos acima de 8 pessoas precisam agendar pelo telefone (51) 3224-5045.
Memorial do Rio Grande do Sul
Criado em 1996 para ser um centro histórico voltado para a preservação da cultura gaúcha, ocupa o antigo prédio dos Correios e Telégrafos, construído entre 1910 e 1914. Reúne objetos, mapas, gravuras, fotos, livros, imagens iconográficas e depoimentos importantes sobre os principais fatos ocorridos no RS. As chamadas visitas mediadas na Linha do Tempo do Memorial são voltadas a grupos e escolas. Podem ser feitas de terça a sexta-feira, das 10h às 17h, de graça. Mas é preciso fazer o agendamento pelo e-mail memorial.acaoeducativa@gmail.com.
Texto: Vanessa Felippe
Edição: Gonçalo Valduga/Secom