Governo lança a IV Conferência de Políticas para as Mulheres do RS
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O Governo do Estado realizará em outubro a IV Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres do Rio Grande do Sul, que tem como finalidade principal a de avaliar as políticas construídas até agora, e adequá-las às necessidades das mulheres gaúchas. O lançamento foi feito nesta segunda-feira (27), no Salão Júlio de Castilhos da Assembleia Legislativa, com a presença da socióloga e militante de movimentos sociais, Enid Diva Marx Backes, que dará nome ao evento.
Ao lançar oficialmente a Conferência, a secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Márcia Santana, destacou a importância do diálogo e da democracia neste evento. Essa conferência deve ser espaço de aprendizado, troca de experiências e não de sectarismos, disse. Ao fazer referência à homenageada, Márcia Santana falou dos ideais que nortearão a realização do evento: firmeza, coerência, respeito com os homens e as mulheres do Estado.
Para a secretária, essa será uma Conferência para pautar prioridades em políticas para as mulheres, ouvindo a sabedoria das mais velhas, mas também as jovens que se somam nesse processo, complementou Márcia Santana.
Representando o Governo Federal no lançamento, a Ministra da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, ressaltou o protagonismo histórico gaúcho na defesa de direitos. Ressaltou que foi na Assembleia Legislativa do Estado que se constituiu a primeira Comissão de Direitos Humanos do país, bem como o Comitê Feminino pela Anistia, do qual fizeram parte Enid Backes e Dilma Rousseff, entre outras.
Redemocratização do país
A deputada estadual Ana Affonso, presente em nome do Parlamento gaúcho, destacou o trabalho que vem sendo realizado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, que transformou a política de gênero em voz corrente no Rio Grande do Sul. Além disso, colocou-se à disposição para trabalhar para que esta seja a maior Conferência do Estado.
Enid Diva Marx Backes, 80 anos, é socióloga e militante de movimentos sociais, tendo participado das lutas pela redemocratização do país, pela anistia, e de trabalhadoras e trabalhadores ligados a sindicatos. Em 1982, foi candidata a deputada estadual pelo PT, partido do qual é uma das fundadoras. Pela sua atuação como precursora do movimento feminista no Rio Grande do Sul, ainda nos anos 70, foi escolhida por Tarso Genro - à época, prefeito de Porto Alegre - para liderar a primeira coordenadoria municipal da mulher no Estado. O histórico de defesa dos direitos humanos, e sobretudo dos direitos da mulher, levaram as entidades organizadoras da IV Conferência a homenageá-la, nomeando o evento com seu nome.
Em um discurso, carregado de emoção, a homenageada declarou-se uma memória de 80 anos, destacando que um povo que não tem memória não pode ser considerado um povo civilizado. Sobre a incansável luta feminista que travou ao longo de sua vida, citou Milton Santos. Milton disse que os intelectuais estão aí para incomodar. E eu digo: as feministas também, falou Enid, tendo sido muito aplaudida por um plenário praticamente lotado. Ao falar sobre a violência contra a mulher, Enid Backes defendeu a responsabilização coletiva como forma de combatê-la: homens e mulheres precisam enfrentar algumas coisas. Não podemos nos conformar com o que vemos de ruim, porque mesmo o que está fora de casa nos afeta, faz parte de nossa sociedade, disse ela.
Ao fim do evento, concluindo a série de homenagens a Enid Backes, iniciada com a entrega de flores e uma lembrança, Jussara Cony, secretária estadual do Meio Ambiente, recitou o poema Saber Viver, de Cora Coralina, emocionando os presentes. Também estiveram presentes os deputados estaduais Raul Pont (PT), Marisa Formolo (PT) e Miriam Marroni (PT); a presidenta do Fórum de Mulheres do Mercosul, Emília Fernandes; Telia Negrão, da Rede Feminista de Saúde; Cláudia Prates, da Marcha Mundial de Mulheres (MMM-RS); representantes do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDM/RS); representantes de setoriais de mulheres de diversos partidos políticos, além de inúmeras entidades da sociedade civil ligadas aos direitos da mulher.
Texto: Rafael Chervenski
Foto: Eduardo Seidl (Palácio Piratini)
Edição: Redação Secom (51)3210-4305