O governador Tarso Genro coordenou o Seminário desenvolvimento econômico e social com a energia do território, realizado na  tarde desta quarta-feira (07), na capital francesa. O evento contou com a participação do economista, professor da Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais de Paris, Ignacy Sachs.

A atividade reuniu dezenas de interessados que lotaram  a Sala Villa-Lobos, na Embaixada do Brasil. Durante o debate, três secretários de Governo detalharam o Sistema de Participação Cidadã, a Política Industrial e de Inovação Tecnológica em desenvolvimento em solo gaúcho. Tarso Genro destacou as políticas implementadas pelo Executivo e respondeu às perguntas dos participantes.

O governador destacou que o Sistema Estadual de Participação que está em andamento amplia os aspectos participativos para além da votação direta ou diálogos com os Coredes, mas inclui consulta digital e a escuta dos diferentes segmentos sociais sobre variados temas no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. É um processo que está em transição, da democracia direta, incluindo a digital e conselhista, observou. Disse que em nenhum momento estas formas de participação competem ou superam o papel do Parlamento, que atualmente sofre um brutal ataque midiático, semeando o desencanto pela política, desprestigiando a participação na vida pública.

Integração Sul-Sul
Como estudioso de assuntos brasileiros, Ignacy Sachs destacou o Rio Grande do Sul como berço do Orçamento Participativo, que citou como um processo de referência não apenas para o Brasil, mas para o mundo e declarou estar atento a ampliação de processos participativos na gestão do Estado. O economista falou sobre os novos cenários geopolíticos internacionais e sobre a necessária reestruturação da cooperação mundial a partir de correlações entre nações Sul-Sul, citando a importância da aproximação entre Brasil e Índia como parceiros de grande potencial.

É preciso intensificar a cooperação entre países emergentes para que tenham papel cada vez mais importante e decisório na cooperação internacional. Isso passa pelo diálogo com ONU, por instituições internacionais e  comissões regionais. Estamos no começo disso, afimou. Especialista em temas brasileiros, Sachs criou o Núcleo de Estudos sobre o Brasil Contemporâneo na Escola de Altos Estudos de Paris. Cabe ao  Brasil um papel essencial não apenas na América Latina, mas na interlocução com a Ásia e a África, acentuou.

Entre as sugestões dadas por ele está o estabelecimento de relações sobre os jovens cientistas brasileiros e indianos para que avancem juntos em pesquisas de interesse comum para as duas nações. Há condições razoáveis para avançar, mas dependerá da liderança dos países em desenvolvimento em que o Brasil e a índia estão.

Gestão com participação
A participação é um processo permanente porque significa a renovação da democracia e o desejo da população. Quando  a população entende os códigos de gestão e entra na engrenagem é isso que define sua interferência real, seu processo de cidadania sobre o Estado. O Estado tem que buscar isso, estar aberto, e isto ser um modelo de gestão. A democracia consiste em compromissos, conquistas da humanidade, e temos uma leitura mais contemporânea, mas os fundamentos são os mesmos, observou o secretário de Planejamento, Gestão e Participação Cidadã, João Motta. Ele detalhou as formas de participação que o Governo Estadual adota, como a votação de prioridades para compor o orçamento a partir das demandas  da sociedade.

O secretário da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico (SCIT), Cleber Prodanov, apresentou iniciativas na área de ciência, inovação e desenvolvimento tecnológico e a estrutura de ensino e pesquisa no RS. Destacou a existência de 19 universidades, 87 instituições de ensino superior, e cinco centros universitários. O secretário enfatizou os investimentos em 15 parques tecnológicos que estão se consolidando em diferentes áreas e regiões, além de 19 incubadoras empresariais em 16 cidades gaúchas. O projeto de polos tecnológicos é ambicioso e faz a  transferência de tecnologia para a sociedade, dialogando com desenvolvimento local e regional, destacou Prodanov.

Pela Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), Marcus Coester, detalhou a matriz produtiva gaúcha e a política industrial. Falou da existência de aproximadamente 350 mil propriedades rurais e mais de 42 mil empresas instaladas. Nossa política não é puramente de atração de investimentos, mas essencialmente de desenvolver nossa base produtiva, destacou, explicando o Sistema de Desenvolvimento Econômico do RS, que articula todos os agentes públicos e privados para potencializar o dinamismo do Estado.

Coester destacou também os programas de Arranjos Produtivos Locais e Extensão Empresarial. São ações que dão suporte técnico aos pequenos para inovação, qualidade e produtividade. Os APLs criam sinergia entre as empresas e robustez pelo conjunto, encontrando resultados econômicos que sozinhos não conseguiriam.

Explicou que estão diagnosticados mais de 100 sistemas produtivos no RS, dos quais 20 estão no programa de apoio aos APLs e destes 12 em pleno funcionamento. O governador Tarso Genro convidou os participantes para a realização de um seminário de avaliação do Sistema Estadual de Participação, agendado para março, em Porto Alegre.

Agenda desta quinta-feira

Nesta quinta-feira (08) a comitiva terá três compromissos na agenda antes do retorno. Às 9h30, ocorrerá um encontro com a ministra do Ensino Superior e a Pesquisa da França, Geneviève Fioraso. Na atividade, o governador detalhará o memorando de entendimento sobre a cooperação técnica e científica entre o Estado e a França, assunto previamente tratado com o presidente francês François Hollande, na terça-feira (06).

Haverá, após a visita à direção da empresa Alstom, que possui empreendimentos em Canoas. No final da tarde, o governador tem um encontro com Jean-Luc Mélenchon, que concorreu neste ano à presidência da França pelo Partido Comunista Francês.

Texto: Stela Pastore
Edição: Redação Secom