Governador assina tombamento da Ilha do Presídio
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O governador Tarso Genro, juntamente com o secretário de Cultura, Assis Brasil, e a secretária da Justiça e dos Direitos Humanos, Juçara Dutra Vieira, assinaram a inclusão da Ilha do Presídio no livro de tombamentos do Istituto de Patrimônio Histórico do Estado.
Conforme o governador, o ato garante que o local, importante para a memória e a luta democrática dos gaúchos, seja preservado. "Mais que uma satisfação de homem público, para mim este é um momento de grande satisfação pessoal, pois vivi essa época e tive amigos perseguidos e presos na ilha. É uma recuperação importante de um espaço e da nossa memória, para que aqueles dias não se repitam nunca mais”, afirmou.
Assis Brasil falou que a partir de agora o Estado está apto a participar de editais do Ministério da Cultura, tanto para preservação como a para transformação do local em um novo centro cultural para os gaúchos. “Este é o instrumento legal para que a Ilha do Presídio seja um local importante para a cultura e a história do Rio Grande do Sul. Estamos todos muito felizes de fazer parte desse momento”, disse Assis Brasil.
Atriz da "Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz", Tânia Farias, falou da importância e da beleza do espaço, onde em 2011 o grupo teatral realizou o vídeo “Viúvas – Performance Sobre a Ausência”. O filme mostra mulheres que lutam pelo direito de saber onde estão os homens que desapareceram ou foram mortos pela ditadura civil militar que se instalou em seu país. É uma alegoria sobre o que aconteceu nas últimas décadas na América Latina e representa a necessidade de manter viva a memória deste tempo de horror, para que não volte mais a acontecer.
"Foi um trabalho importante para este momento que vivenciamos aqui hoje, pois mostramos através da arte um pouco do sofrimento e a dureza deste período de nossa história. Que a cultura, a arte e a democracia possam libertar esse lugar de todas as histórias tristes que lá tivemos”, observou Tânia.
Tombamento
O pedido oficial de tombamento histórico de um dos símbolos mais polêmicos da ditadura militar no Estado, os prédios da Ilha das Pedras Brancas, também conhecida como Ilha do Presídio ou Ilha da Pólvora, em Porto Alegre, foi um dos temas incluídos no relatório da Comissão Estadual da Verdade. A solicitação de tombamento foi feita por meio de ofício dirigido ao chefe do Executivo estadual em 31 de março deste ano.
Na época, o governador acolheu a justificativa e determinou à Secretaria da Cultura a adoção dos procedimentos necessários para o tombamento da Ilha do Presídio. O pedido levou em consideração a utilização das instalações do local - hoje ameaçadas de destruição - durante as décadas de 1960 e 1970 como presídio político, para onde foram remetidos e mantidos presos mais de cem cidadãos, perseguidos por sua oposição e resistência aos governos ditatoriais.
Texto: Euclides Bitelo
Edição: Redação Secom