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Encontro na Capital mostra avanços e desafios na atuação das mulheres da economia solidária

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13.09.13: Secretaria da Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sesampe) promove o 3° Encontro da América Latina e Caribe das Mulheres da Economia Solidária.
3° Encontro da América Latina e Caribe das Mulheres da Economia Solidária - Foto: Gustavo Gargioni/Especial Palácio Piratini

O 3º Encontro da América Latina e Caribe das Mulheres da Economia Solidária abordou, nesta sexta-feira (13), os avanços alcançados e os desafios a serem vencidos pelas mulheres que atuam em empreendimentos de economia solidária, em diferentes segmentos. O evento, que se iniciou na quarta-feira (12), em Porto Alegre, é realizado pela Secretaria da Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sesampe). Reúne mais de 600 mulheres, procedentes de 42 municípios gaúchos, além de representantes do Estado de Pernambuco, e de países como Cuba, Uruguai e Argentina, com encerramento no fim do dia.

A diretora do Departamento de Incentivo e Fomento à Economia Solidária (Difesol) da Sesampe, Nelsa Nespolo, recepcionou as participantes. Ao alinhar as conquistas alcançadas, a diretora citou a criação, pelo Governo do Estado, das leis de compras públicas, certificação de empreendimentos solidários, fomento à economia da cooperação e a criação do Conselho Estadual de Economia Solidária (Cesol).

Também destacou os desafios de buscar mais apoio às cadeias solidárias e assinalou que o fortalecimento e os avanços serão obtidos por meio de maior organização, formulação de leis e de políticas de fomento e destinação de recursos ao setor.

Inclusão e valorização
Dominaram os debates, no início da manhã, temas como cooperativismo, cadeias solidárias, violência e inclusão econômica e social da mulher. A representante do empreendimento Encontro de Sabores, que atua junto com o Centro de Tecnologias Alternativas e Populares (Cetap), em Passo Fundo, Lídia da Rocha Figueiró, falou sobre a cadeia solidária de frutas nativas, que tem se destacado no Rio Grande do Sul, com abrangência sobre as regiões Norte, Nordeste, Litoral e Metropolitana.

A cadeia envolve a produção de alimentos, como bolos, cucas, pastéis, risoles, sucos e sorvetes artesanais, tendo como base a polpa de araçá, butiá, banana, guabiroba, jabuticaba, juçara (açaí gaúcho) e goiaba. A profissional orienta e acompanha o processo produtivo de frutas em propriedades, envolvendo cerca de 70 famílias. As frutas são processadas no Encontro de Sabores, e os alimentos produzidos são comercializados no local. Parte da polpa é enviada para outros pontos de comercialização do Estado, como Porto Alegre e Torres.

Helena Bonumá, da organização social Guayí, falou sobre a transversalidade da atuação da mulher e o resgate da valorização feminina pela economia solidária. Abordou três dimensões que caracterizam a condição da mulher no mundo: reprodução, invisibilidade e ação. Disse que a mulher exerce a particularidade de ser uma cuidadora. E que, apesar de coordenar os processos produtivos da economia solidária, os homens são majoritários nas estatísticas do setor, em razão da invisibilidade da mulher. Bonumá concluiu afirmando que a mulher tem como vantagem a ação para mudar esse modelo que impede o reconhecimento às tantas atribuições que fazem a sua rotina diária.

Avanços na legislação
Também participaram como painelistas, o diretor de Cooperativismo da Secretaria de Desenvolvimento Rural Pesca e Cooperativismo (SDR), Gervásio Plucinski, que destacou a criação pelo Governo do Estado de dez leis que contemplam as cooperativas e empreendimentos solidários. As ações governamentais estão fundamentadas em três eixos: crédito, gestão e tributos, fundamentou ele. A representante da Secretaria de Política para as Mulheres (SPM), Iara Storkmans, informou sobre os serviços de acolhimento e encaminhamento às mulheres vítimas de violência oferecidos pelo órgão.

A exibição de um vídeo sobre a violência contra a mulher no mundo foi seguida de relato contundente de uma trabalhadora, que executa atividade de pedreira na área da construção civil. Após sofrer, por longos anos, agressões física e verbais, além de diversos constrangimentos, Zeni Paz Alves decidiu denunciar o marido e recorrer à Lei Maria da Penha. Bem-humorada, aconselha a que as mulheres vítimas de violência façam o mesmo. Fé, esperança e lei, recomenda a bageense, com 45 anos, que depois da aplicação da lei ganhou respeito e autonomia, tendo concluído curso de espanhol e qualificação para atuar como pedreira. 

Construindo soluções
Após a apresentação dos painéis, grupos de trabalho das atividades de pesca, lã, frutas, reciclagem, artesanato, agricultura familiar, alimentos, confecção e profissionais autogestionários foram convidados a desenvolver os temas. A diretora do Difesol ressaltou que o objetivo do encontro é provocar o debate sobre o dia a dia da mulher no desenvolvimento de suas atividades. Ao trocar experiências, apresentar demandas, indicar desafios e avanços, as mulheres constroem soluções, visando ao fortalecimento dos diferentes segmentos, explicou

Ao encerramento dos debates, será redigido um documento contendo as conclusões do encontro das mulheres da economia solidária e ainda uma pauta de demandas. No final da tarde, a moção será entregue aos governos Estadual e Federal e à Comissão do Mercosul da Assembleia Legislativa, por meio de representantes presentes ao evento. Queremos avançar mais no estabelecimento de políticas públicas, justificou Nelsa Nespolo.

Banrisul, Ascar/Emater, Fundação Luterana de Diaconia (FLD), Fórum Gaúcho de Economia Solidária e Comissão de Constituição de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa (CCDH/AL), também são parceiros na promoção do encontro.

Texto: Assessoria Sesampe 
Edição: Redação Secom (51) 3210.4305

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