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Dólar barato freia inflação, mas pode gerar desemprego, diz economista da FEE

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“A taxa de câmbio vem se valorizando, nos últimos dois anos, no Brasil, não só frente ao dólar, mas, também, em relação às moedas de vários países com forte participação nas exportações brasileiras, o que pode provocar desmantelamento em algumas de nossas cadeias produtivas”. A declaração é da economista Teresinha da Silva Bello, da Fundação de Economia e Estatística, feita nesta terça-feira, dia 9, durante a divulgação da edição de maio da Carta de Conjuntura FEE. Teresinha Bello explicou que o real valorizado pode levar ao fechamento de muitas empresas, enquanto algumas, que antes se utilizavam de fornecedores nacionais, vêm tentando reduzir seus custos de produção adquirindo insumos e matérias-primas no exterior, “o que se reflete no nível de emprego internamente, além de causar o rompimento das cadeias produtivas aqui instaladas”. Disse que, em função do baixo valor do dólar, muitos insumos que compõem a cadeia produtiva deixam de ser elaborados aqui para serem importados a preços mais baixos, gerando uma série de prejuízos à economia da região. “Também as operações beneficiadas pelo regime de draw-back, — através do qual os insumos importados que compõem produtos de exportação são isentos de pagamentos de impostos —, têm aumentado, o que também pode vir a prejudicar a economia, já que esses produtos que agora vêm de fora, deixam de ser elaborados aqui dentro”. Lembrou, ainda, que outro problema da valorização cambial ocorre com os fabricantes cujos componentes de produtos são fabricados internamente e, portanto, sem possibilidade de beneficiarem-se da redução de custo decorrente do dólar mais barato. “Como geralmente eles não importam seus insumos, acabam tendo custos mais altos para exportar seus produtos, perdendo competitividade no mercado”, afirmou a pesquisadora. Como efeitos positivos da valorização cambial, Teresinha Bello citou a modernização, já que, em função do baixo custo, muitas empresas acabam importando novos equipamentos para suas empresas, modernizando seu parque industrial, e adquirindo mais competitividade no mercado internacional. “Temos que pensar sobre o que é mais importante. Se, por um lado, o dólar mais barato é um freio inquestionável à inflação, por outro, ele pode acabar gerando desemprego”, ressaltou. A edição de maio da Carta de Conjuntura FEE, que está à disposição dos interessados, na íntegra, no site da FEE www.fee.rs.gov.br, aborda, ainda, temas como o fator previdenciário como forma de evitar a aposentadoria em idade precoce, a difícil retomada das vendas de máquinas agrícolas, o potencial competitivo do Rio Grande do Sul, os diferenciais de remuneração entre os gêneros na Região Metropolitana de Porto Alegre e a educação especial no Brasil e no Rio Grande do Sul.
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