Governo do Estado do Rio Grande do Sul
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Discurso do governador - Conferência do Conselho Internacional Empresarial Libanês

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Pronunciamento do Governador Germano Rigotto na Conferência do Conselho Internacional Empresarial Libanês, São Paulo, 09.06.2003 A oportunidade de atender ao convite que me fazem de falar sobre as potencialidades do Rio Grande do Sul é bem mais que uma obrigação protocolar. Ainda que assim fosse, aqui estaríamos. Mas sabemos a importância e louvamos as elevadas motivações da Libanese International Business Council e do envolvimento da Câmara do Comércio Brasil-Líbano. Esta é, também, uma oportunidade que o Rio Grande do Sul tem, através de seu governador, de homenagear os libaneses de vossa pátria- mãe e os descendentes de libaneses que vivem no Brasil, em grande número. Mas, acima de tudo, discorrer sobre as potencialidades do Rio Grande é uma empolgante obrigação que recebemos do povo daquele estado. O que fizemos, portanto, muito mais do que reconhecer a importância deste evento, é cumprir nossa missão pública de darmos a conhecer o estado e o povo que representamos. A oportunidade é ainda mais estimulante porque falo com empreendedores, dirijo-me a pessoas que vivem no mundo das atividades empresariais. As senhoras e os senhores se dedicam a uma atividade - a organização dos fatores de produção - em que eu, como agente público, não devo me envolver, mas da qual muito necessito para realizar meus objetivos de governo. Temos, portanto, metas paralelas e parcerias a estabelecer. Tenho priorizado em minha agenda, por isso mesmo, o comparecimento a eventos como este. É com as psortas do Rio Grande abertas a uma interlocução permanente que estamos conversando com o empresariado no Rio Grande, do Brasil e do Exterior. *** Nosso primeiro grande desafio, quando assumimos o governo gaúcho, foi a pacificação das relações políticas. Tínhamos consciência de que estávamos recebendo um estado dividido e sabíamos que encontraríamos severos obstáculos se prosperassem os confrontos ideológicos e políticos que estavam estabelecidos no Rio Grande. Nessa direção agimos desde a campanha eleitoral e foi dessa forma que continuamos atuando, depois da posse. Assumimos um compromisso com a unidade - união de pessoas, união de esforços, união de objetivos - e essa foi a primeira meta que todo o governo recebeu. Sabíamos que só um estado unido iria ter força para produzir e avançar. Não por outra razão ou convicção, nosso governo adotou como marca a frase O Estado que trabalho unido. Passados cinco meses de nosso governo, nem a modéstia me impediria de afirmar que essa etapa foi muito bem sucedida. Não que tenhamos estabelecido no Rio Grande um consenso final e definitivo, que possa ser visto com a solução única ou um fim da história, como por vezes pretendem alguns pela esquerda e pela direita. Não! É algo bem diferente: nos defrontamos com uma realidade perante a qual as correntes de opinião mais responsáveis e as mais nobres forças políticas, em vez de produzir cisão, passam a convergir para buscar soluções. No Rio Grande, a história e a política não terminaram; subiram, definitivamente, para um patamar mais elevado. Por outro lado, perante as dificuldades do Erário, que não se confundem com as potencialidades do Estado, adotamos um rígido programa de contenção das despesas de custeio do governo. Estamos fazendo o que os senhores fazem em suas empresas: cortamos gastos para sobreviver na crise e economizamos para poder investir. Relatei isso aos senhores porque quero que o Brasil e o mundo saibam que o Rio Grande do Sul é um estado que está preparado para receber seus investimentos e suas visitas. Ali se respeitam contratos, os passos são medidos mas decididos. Ali não há portas fechadas para o diálogo com que trabalha e produz. Mais: quem ali investir, não hesito em afirmar, tem um grande futuro, porque é um estado com vocação empreendedora e nosso governo está inteiramente dedicado a atrair poupança, investimentos, bem como em criar condições para a expansão das atividades produtivas locais. Tenho dito e repetido aos novos empreendedores que chegam ao Rio Grande: investir em nosso estado é uma obviedade. Temos ali o melhor o melhor Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil, numa população superior a 10 milhões de habitantes e vinte e cinco por cento dessa população está em salas de aula. São 2,5 milhões de estudantes. Contamos com 44 universidades e faculdades, espalhadas em mais de uma centena de municípios, num total de 764 cursos de ensino superior. O RS, com um PIB de 31 bilhões de dólares, exporta 6 bilhões de dólares. É o segundo maior produtor agropecuário nacional, tem a segunda indústria de transformação e é o segundo pólo comercial brasileiro. Nossa economia repousa na agropecuária (12%), indústria (40%) e nos serviços (48%). Estivemos fora da crise energética brasileira de 2001, geramos 3,5 mil MW e nossa oferta de energia alcançará 5,8 mil MW até 2008. Comunicação abundante, uma boa malha rodoviária e hidroviária, com portos bem equipados, estão disponíveis para acolher novos investimentos. Temos 10,2 milhões de habitantes, 11500 estabelecimentos de ensino, 100 mil alunos em 424 escolas técnicas profissionalizantes, 13 mil km de estradas, 15 aeroportos, 9 portos. Nossa balança comercial gerou, em 2002, um superávit de 3 bilhões de dólares. O Rio Grande do Sul está no coração do Mercosul. E vice-versa. No extremo sul do Brasil, fazemos fronteira com nossos parceiros desse mercado comum e mantemos intenso intercâmbio com Uruguai, Argentina e Paraguai. Por nossas raízes históricas, somos o mais bilíngüe dos estados brasileiros. *** Foi com base nessas realidades que o nosso governo estabeleceu, com convicção, o primeiro grande eixo de sua atuação: o compromisso com o desenvolvimento do estado através do integral apoio a todas as iniciativas que se voltem para a abertura de mercados, atração de investimentos, preservação e expansão de nossa matriz produtiva. Estou entusiasmado com os muitos contatos que vimos mantendo e que nos dão sinais de um importante fluxo de capitais para o estado nos anos vindouros. Ainda antes de assumir o governo, iniciamos uma série de contatos na Europa e nos Estados Unidos. Desses encontros surgiram negociações que estão em pleno andamento. Estive recentemente na Argentina, fortalecendo nossas relações com o Mercosul e novas portas se abriram para empreendimentos bilaterais. Fico impressionado com o interesse que nosso estado desperta, principalmente quando tornamos conhecidas as nossas potencialidades. O Rio Grande está, de fato, preparado para aceitar o desafio da competição. Atrair investimentos - qualquer que seja a moeda e o idioma em que se expressem, sem preconceitos - preservando e apoiando a matriz local e suas cadeias produtivas, é a alternativa que assumimos para atingir o ritmo de desenvolvimento que queremos implantar no Estado. Nosso segundo eixo é o combate às desigualdades regionais. A política de atração de investimentos que adotamos atuará no sentido de amenizar os desequilíbrios que hoje se verificam entre as regiões do estado. Houve, no Rio Grande, nas últimas décadas, uma equivocada alocação de investimentos públicos e um mau direcionamento de muitos investimentos privados. Criamos, para combater esse problema, programas especiais para as regiões economicamente deprimidas e entre eles destaco uma nova versão do programa Fundopem, com caráter regionalizado de modo a priorizar os investimentos que se destinem às regiões com menos espontâneo desenvolvimento industrial. O terceiro eixo é o da inclusão social. É impossível haver desenvolvimento social sem geração de riqueza e renda. Os países de economia centralizada evidenciaram isso. Mas é perfeitamente possível, por outro lado, haver geração de riqueza e renda sem desenvolvimento social. Portanto, nosso governo tem a inclusão social como corolário do desenvolvimento econômico. Investimento tem que gerar renda, empregos, tributos que possam ser aplicados, entre outras coisas, em políticas sociais. Desenvolvimento econômico tem que alterar os números do desemprego, do subemprego, da informalidade. Cabe ao estado ser parceiro, induzir o desenvolvimento, colaborar com o Terceiro Setor, com o voluntariado e com uma ampla rede de entidades que muitas vezes, de modo anônimo, realizam ações sociais que deveriam ser cumpridas pelos poderes públicos. O quarto e último eixo que comanda nossas diretrizes de governo se volta para a construção de um novo modelo de serviço público, vale dizer, olha para o governo e para a administração pública em si mesmos. Trata-se de produzir um novo modelo, moderno, eficaz, eficiente, mais próximo das pessoas, menos burocratizado. O governo e a administração não podem continuar integrando o conjunto das coisas atrasadas do estado. Temos grande estima e confiança nos servidores públicos estaduais que são agentes competentes e determinantes, parceiros desse processo. Modernizar o governo e a administração é uma tarefa muito propriamente nossa. Dever de casa, para usar uma expressão da moda. Pois vamos fazê-la. Parte significativa de nossas tarefas, neste início de governo, se concentram em motivar, dinamizar, entusiasmar, encurtar a distância que separa aquilo que se pensa daquilo que se faz. Diminuir o tempo entre a idéia e a ação. Isso é necessário porque o mundo anda depressa. E o Rio Grande, para ocupar o lugar que queremos, precisa ter mais pressa ainda. O poder público precisa ser tão competente quando o setor privado para que este possa extrair competitividade plena de sua competência. *** Sou um governador entusiasmado com o encargo que me foi atribuído, exatamente porque percebo, onde quer que vá, a cada dia de trabalho, o interesse que o Rio Grande desperta no mundo empresarial. Estes eixos de atuação que decidimos priorizar são uma forma de reconhecer e valorizar o que temos de tão bom: recursos naturais, infra-estrutura abundante, mercado interno sólido, fronteiras multinacionais e uma arraigada e bem sucedida cultura de trabalho. Nossa indústria, a partir do momento em que se procederam os necessários ajustes do câmbio, passou a crescer bem acima da média nacional, exatamente porque somos um estado com vocação exportadora: produzimos bem, com competência, para clientes exigentes. Não é por outra razão que temos a maior exportação per capita do país. *** Houve uma época em que governar era abrir estradas. Hoje, essas estradas adquirem um novo significado: são as estradas da tecnologia, dos mercados, da infra-estrutura, dos investimentos multilaterais e das reformas estruturais. Com efeito, o estado-empreendedor não tem mais sentido. Essa tarefa é dos homens e das mulheres de negócios. O governo deve favorecê-la e nós estamos fazendo isso de várias maneiras. Uma economia forte e estável precisa de empresas de todos os portes: micro, pequenas, médias e grandes. E que todas cresçam e prosperem. Gerem lucros! Paguem dividendos. Reinvistam esse lucro. Gerem empregos, muitos empregos para nossas famílias e nossos jovens que chegam ao mercado de trabalho. Não temos preconceitos contra ninguém, por ser grande demais ou pequeno demais, por ser de lá, daquil ou de qualquer outro lugar. Se a saída está no trabalho, nosso governo quer ser parceiro de todos aqueles que o geram, em qualquer setor da economia. Não há portas fechadas, no Rio Grande do Sul, para os homens e mulheres de boa vontade que queiram organizar nossos fatores de produção. Precisamos crescer! Mas não precisamos crescer porque isso será bom para o governo. Precisamos crescer porque isso será bom para a sociedade! Porque setor público ganancioso e perdulário dá causa à estagnação. E porque ambos - setor público ganancioso e estagnação econômica - são sinônimos de pouca competitividade, desemprego, fome, miséria. Meus olhos, os olhos do meu governo, não estão postos no desenvolvimento por causa do imposto - que é útil e necessário - mas estão postos no desenvolvimento por causa do progresso, da justiça social, das empresas que cria, dos empregos que gera, da mentalidade que induz. Saiba cada empresário que aqui está, que o Rio Grande do Sul aplaude e louva o espírito empreendedor, saúda e acolhe cada empresa que nasce, ainda quando ela estiver sendo concebida na mente de cada homem, mulher, jovem, que tem um sonho e traz consigo um plano para o realizar. Nosso governo sonhará junto, apoiará o plano e agradecerá cada emprego gerado, até mesmo porque cada emprego criado na iniciativa privada é uma economia na assistência social do estado. Empreendedores e empreendedoras! Nosso governo se alegrará com o lucro de seus negócios e com a rentabilidade de suas empresas. Nosso governo se regozijará com cada micro-empresário que se tornar pequeno e com cada pequeno que se tornar grande por força de sua competência e trabalho. Não se constranjam com o lucro e o reinvistam. Apoiamos a quem produz! Apoiamos a produção que gera emprego e renda, quer ela esteja no fundo do quintal ou no grande distrito industrial. Quer esteja operando, quer deseje operar. Quer seja do Rio Grande ou de fora. Quer fale português ou outro idioma. Quer traga reais ou dólares. Vamos zelar pelas empresas que temos e buscar todas as que pudermos, porque estamos motivados em gerar empregos, gerar trabalho para os gaúchos. *** Por fim, quero convidar a todos para que também visitem o Rio Grande. Nossos recursos e belezas naturais encantaram o país inteiro e certamente encantarão todos que as visitarem. Temos como marca tradicional nossa hospitalidade e estamos empregando todos os meios disponíveis no sentido de intensificarmos nosso turismo, melhorarmos ainda mais nosso atendimento e ampliarmos nossa busca pelo turista. Quero, portanto, que cada uma das senhoras e cada um dos senhores aceite meu convite: visitem nosso estado, coloquem o Rio Grande entre suas alternativas para investimentos. Como afirmamos em recente campanha nacional destinada a promover os produtos rio-grandenses, o Rio Grande do Sul é um estado que trabalha unido e vai surpreender você! *** Os senhores nasceram, ou têm raízes, num dos mais belos países do mundo. Um pequeno gigante, de tão longa história, onde souberam construir encantadora civilização, palco recente de prolongados e destrutivos conflitos. Estou inteirado, no entanto, dos elevados e humanitários desígnios do Planeta Líbano, olhos postos no futuro da nação libanesa e no bem estar de seus concidadãos no mundo inteiro. Saibam que este governador e o povo do Rio Grande, onde a comunidade libanesa assume posição de grande destaque, têm uma imensa afeto pelo vosso país e pela linhagem da qual provêem. Sobre as violências e as injustiças, a justiça e os justos triunfarão. Melhor do que nenhum outro povo, vocês reconhecem a verdade contida nessa afirmação pois entoam, na própria bandeira nacional, o canto do salmista: O justo cresce como a palmeira e floresce como o cedro do Líbano. Estamos unidos na mesma fé que os inspira. Muito obrigado. Muito obrigado.
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