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Alunos da rede pública financiados pela Fapergs apresentam projetos científicos em congresso

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Helenara e as alunas Andrieli, Bruna e Caroline são do Instituto Estadual Annes Dias, em Cruz Alta
A professora Helenara e as alunas Andrieli, Bruna e Caroline são do Instituto Estadual Annes Dias, em Cruz Alta - Foto: Gonçalo Valduga/Fapergs

Estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública estadual se destacaram durante a 9ª edição do Congresso Latino-Americano Interdisciplinar Orientado ao Adolescente (Clioa), encerrado nesse final de semana, no Centro de Eventos do Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre. Em totens digitais, os jovens apresentaram mais de 50 trabalhos financiados pelo Programa de Iniciação em Ciências, Matemática, Engenharias, Tecnologias Criativas e Letras (Picmel), projeto da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs) para despertar a vocação profissional e descobrir novos talentos da ciência.

Aluna do 2º ano no Instituto Estadual de Educação Odão Felippe Pippi, escola de Santo Ângelo com 2,5 mil estudantes, Bruna Borges de Oliveira, 15 anos, disse que o projeto do seu grupo de inclusão da matemática para alunos surdos na educação básica foi ideia do colega João Marcos Barichello, 17, do 3º ano, que é surdo.

O trabalho consistiu em selecionar conteúdos como Geometria Plana, Trigonometria, Teorema de Pitágoras e Probabilidade e transpô-los para o conceito de Língua Brasileira Sinais? (Libras), utilizando o Geogebra, software de matemática dinâmica que cria figuras geométricas. João foi o responsável por adequar a linguagem. “Nos comunicamos por escrita no papel ou celular, mas também aprendemos sinais. Foi uma experiência gratificante”, contou Bruna.

Professora dos dois, Liciara Daiane Zwan revelou que, na época de faculdade, teve dificuldades para produzir textos científicos devido à falta de ações para estimular os alunos. “Quando falavam em produção científica, batia um desespero. A oportunidade dos jovens terem esse primeiro contato é essencial. Quando chegarem à universidade, terão base e experiência”, comemorou.

Jeito para os números

As colegas Andrieli Martins Costa, Bruna Katielli Rodrigues Florêncio e Caroline da Luz Moreira cursam o 3º ano no Instituto Estadual Annes Dias, em Cruz Alta. As jovens de 16 anos utilizaram tecnologias computacionais como ferramenta para inserir conceitos de geometria não euclidiana no ensino básico.

A geometria não euclidiana corresponde a qualquer forma de geometria cujas propriedades diferem dos pontos estabelecidos por Euclides em seu tratado matemático. Embora abordado em avaliações externas, segundo elas, o conteúdo não consta da plataforma de estudos da rede pública. “Queremos introduzir os conceitos iniciais do tema no primeiro nível de ensino escolar, que envolve educação infantil, ensino fundamental e médio”, explicou Andrieli.

Além de despertar o gosto pela matemática, o projeto incentiva os estudantes a buscar uma carreira profissional. Bruna Katielli ainda está indecisa sobre Matemática ou Engenharia, mas tem certeza de que vai seguir o caminho dos cálculos. “Penso em fazer mestrado e doutorado, mas sempre ao lado dos números. Quando iniciei o trabalho, superei as dificuldades que tinha e percebi que levo jeito. É isso que eu quero”, afirmou.

Para a professora Helenara Machado de Souza, sem investimentos como o Picmel, suas alunas não estariam participando de congressos. “Se o objetivo é despertar o gosto pela pesquisa científica, o resultado está sendo atingido com as meninas desenvolvendo algo consistente e apresentando-se em nível estadual e internacional”, orgulhou-se. O conhecimento adquirido pelas estudantes foi compartilhado por meio de oficinas na escola de mais de 1,3 mil jovens.

Popularização da ciência

O Picmel é uma parceria da Fapergs com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Entre 2013 e 2014, foram investidos mais de R$ 5,6 milhões – R$ 3,5 milhões do Estado e R$ 2,1 milhões federais.

Os recursos garantiram 616 bolsas, beneficiando 95 escolas estaduais de 12 regiões do Rio Grande do Sul. São 450 bolsas de iniciação científica júnior (R$ 150), 150 bolsas para professores da educação básica (R$ 765) e 75 auxílios financeiros para pesquisadores doutores (R$ 20 mil). Cada projeto envolve um doutor orientador, dois professores do ensino público e seis bolsistas iniciantes.

Texto: Gonçalo Valduga/Fapergs
Edição: Cristina Lac/CCom 

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