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Usuários do Hospital Psiquiátrico São Pedro vão ao Theatro São Pedro

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Me arrumei toda, me pintei, só prá passear e ouvir música. Desta maneira Cecília de Oliveira, 61 anos, 39 destes vividos no Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP), descreveu sua expectativa ao ir hoje (24) pela manhã, ao Theatro São Pedro, em Porto Alegre. O atividade chamada São Pedro vai ao São Pedro abre a semana comemorativa aos 118 anos do hospital com duas apresentações: Os Arteiros, crianças de nove a 16 anos que tocam pagode, e os bailarinos de Cadica Borghetti, com o espetáculo Paixão Flamenca. Os 250 usuários do HPSP apreciaram com a mistura de luzes, cores, sons e movimentos no ambiente requintado do Theatro São Pedro. Este é o exercício da inclusão social, que no sentido inverso ao isolamento e à reclusão, trabalha para desenvolver a autonomia destas pessoas, preparando-as para a retomada da condição de cidadão comum, afirmou o diretor do hospital, Régis Campos Cruz. Celita Maria Bortoluzzi, auxiliar de enfermagem da Unidade Celestino Prunes do São Pedro, que trabalha há sete anos no hospital, disse que estas ações já provaram ser fundamentais na recuperação da autonomia e da estima das pessoas internadas por longos períodos. Eles se prepararam para um passeio especial, tomaram um banho caprichado, tiraram a roupa do hospital com aquele número de identificação e põe o que tem melhor. Passaram a se sentir um cidadão comum, avalia. De acordo com a responsável pelo Setor de Projetos Especiais do HPSP, Eva Izabel Tejaba, desde 1999, quando foram implantados os projetos que prevêem a saída do hospital dos portadores de sofrimento psíquico, a participação da sociedade tem crescido, demonstrando que o estigma que persegue estes usuários está gradativamente sendo derrubado. O apoio da sociedade tem sido decisivo no sucesso de iniciativas como esta, seja por meio da cedência de transporte para as pessoas, que neste caso foram cinco ônibus, ou pelo trabalho voluntário e filantrópico dos artistas de alto nível que se apresentaram aqui, declarou. Edson da Rosa Moncorvo, o Mano, produtor dos meninos pagodeiros, há três anos colabora com todos os projetos musicais do São Pedro. Na sua opinião, a música está dando uma nova oportunidade de vida para dois grupos de excluídos. Estas crianças são moradores humildes da vila São Judas, aqui de Porto Alegre, mas que têm talento e aguardam apoio para dar um novo rumo a sua vida. Os Arteiros já tocaram com o Negritude Júnior, Dudu Nobre e Pixote. Na quarta-feira (26), às 10h, no Pavilhão de Atividades Múltiplas (Gigantinho) do HPSP, dando continuidade à programação, acontecerá um baile com show musical gratuito e aberto à população.
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