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Subprocurador de Justiça avalia que as estatísticas policiais serão exploradas nas eleições

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Ao participar do painel A importância da Estatística para a Política de Segurança Pública - na manhã de hoje, segunda-feira (01), durante o 1º Seminário Nacional Estatísticas de Segurança Pública, organizado pela Secretaria da Justiça e da Segurança (SJS), no Hotel Continental, em Porto Alegre - o subprocurador geral de Justiça, Mauro Renner, afirmou que a segurança pública e as estatísticas da criminalidade serão usadas como temas de palanque eleitoral. Vai preponderar em todos os discursos políticos, destacou. De acordo com o subprocurador, os políticos se apresentam como técnicos de futebol: todos têm alguma opinião para dar sobre a segurança pública, sobre o jogo de futebol. Renner exemplificou sua preocupação com a exploração política do assunto citando uma entrevista que ouviu de um dos candidatos a presidente da República numa emissora de rádio de Porto Alegre. Segundo o subprocurador, o candidato apontou para o mediador do programa o número de 300 homicídios no Rio Grande do Sul. Essa estimativa não teve qualquer base ou pesquisa, simplesmente foi lançado ao ar, enfatizou. Renner disse que quem trabalha na Vara do Júri - que lida com esse tipo de dado sobre homicídios - deve ter se assustado com esse índice que foi lançado sem uma profundidade, sem dar a fonte e a origem dessa informação. Por que isso? Justamente porque estamos entrando no período eleitoral e há toda essa exploração dentro da mídia, acentuou o subprocurador. Renner elogia o Controle Externo da Polícia Durante o painel, o subprocurador-geral de Justiça defendeu também que haja unidade de inteligência no trabalho das instituições públicas - SJS, Poder Judiciário e Ministério Público - para melhorar o trabalho prestado à população. Ele citou a unificação dos códigos do registro da ocorrência policial, que será utilizado pela SJS, Ministério Público e Poder Judiciário. Isso facilita o acompanhamento em todas as fases, quer extra-processual ou processual para o cidadão, falou. Renner elogiou a portaria do Controle Externo da Polícia - editada pela SJS em janeiro de 2002 e que reorganiza a estrutura da Polícia Civil. Com a portaria, explica o subprocurador, a investigação inicia com o registro da ocorrência e não passa mais a ser último ato do inquérito policial. Isso permite que se evite a clandestinidade que nós constatamos que pairava sobre muitas delegacias, disse. Renner acredita que com essa portaria, pode-se trabalhar com informações estatísticas mais corretas e precisas, porque as ocorrências geradas nas delegacias passam a ser investigadas. Estatísticas para racionalizar os equipamentos policiais O historiador da UFRJ, Marcos Bretas, que também participou do painel A importância da Estatística para a Política de Segurança Pública do 1º Seminário Nacional Estatísticas de Segurança Pública, destacou que a questão central das estatísticas é o planejamento da ação policial para racionalizar o uso dos equipamentos. Boa polícia é caro, acentuou Bretas. Segundo ele, para distribuir os recursos da segurança pública, as estatísticas são uma boa ferramenta. Temos que estar com os dados sempre a mão, sempre atualizados, disse o historiador. Bretas enfatizou também que é preciso mostrar se o trabalho policial melhorou ou piorou. Conforme ele, isso pode gerar situações de uso político e pressões a curto prazo. Além disso, o professor da UFRJ fez um breve histórico sobre o uso das estatísticas e das informações policiais pelo estado. De acordo com ele, durante a formação do estado moderno, houve uma preocupação com a criação de redes de informação. Mas, segundo Bretas, só no século XIX a estatística é formalizada pelo estado. Conforme o historiador, apenas no final do século XIX a polícia ganha as dimensões que ela tem hoje de reprimir, investigar e controlar as informações para o estado. Uma das principais preocupações da polícia na época era criar um sistema de identificação criminal para auxiliar nas investigações. A utilização das impressões digitais, há 100 anos, foi um avanço para isso, segundo Bretas. O professor frisou que, no início do século XX, os intelectuais começam a se interessar por utilizar a ciência na investigação criminal. Muitos deles, segundo Bretas, foram trabalhar em departamentos de investigações da polícia, como ocorreu na cidade do Rio de Janeiro.
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