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Secretária da Cultura prestigia 98 anos do Clube Fica Ahí, em Pelotas

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Pelotas 26
Clube tem biblioteca voltada para a literatura negra brasileira - Foto: Rafael Varela/Sedac

Em clima de confraternização e homenagens, a secretária da Cultura, Beatriz Araujo, prestigiou as comemorações dos 98 anos do clube Fica Ahí Pra Ir Dizendo, no domingo (27). Beatriz estava acompanhada da secretária de Governo e Relações Institucionais da prefeitura de Pelotas, Clotilde Conceição Victória.

Emblemática na história de resistência negra pelotense, a criação do Fica Ahí está ligada à festa de maior expressão popular do Brasil: o carnaval. Em 27 de janeiro de 1921, foi fundado o cordão carnavalesco Fica Ahí Pra Ir Dizendo. Nos festejos, representava um dos blocos negros de Pelotas. Na contramão da maioria dos grupos desse período, de duração efêmera, o Fica Ahí se tornou exceção, perdurou e virou clube social.

Os clubes sociais negros surgiram na metade do século 19. A finalidade era, além de abrir espaço para a comunidade negra, impedida de frequentar os espaços das elites brancas, arrecadar fundos mutualistas e de alforria para trabalhadores escravizados.

Na bagagem de quase um século de história, o clube tem orgulho de abrigar a única biblioteca totalmente voltada para literatura negra no Brasil. “É um dos espaços de resistência mais simbólicos de Pelotas e de nosso Estado. Manter as portas abertas de um lugar tão emblemático como este para a cultura é motivo de orgulho, que não seria possível sem o esforço da presidência desta casa, que, aliás, está de parabéns pelo trabalho que faz aqui”, disse a secretária Beatriz.

Raul Borges Ferreira está há quase 20 anos na diretoria do clube e sabe da responsabilidade que o cargo lhe impõe. “Estamos levando adiante o legado de nossos antepassados. Pensar que o Rio Grande do Sul já contou com pelo menos 53 clubes negros e que o nosso está entre os poucos que ainda mantém as portas abertas, é um desafio que abraçamos com alegria”, destacou.

O clube foi tombado em 2012 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) como entidade que preserva a memória da cultura afro-pelotense. Desde 1954 tem sede própria, na Rua Marechal Deodoro, 368.

Mas por que o nome do clube? Como não havia local para reunião de fundação, uma pessoa ficou na praça em frente à prefeitura e foi orientada a dar informações dessa forma: “fica aí pra ir dizendo onde é a reunião”, lembrou o presidente. E, assim, nasceu o nome.

Texto: Rafael Varela/Sedac
Edição: Marcelo Flach/Secom

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