Rigotto inaugura 12,4 quilômetros da Rota do Sol
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A história de 23 anos de construção da Rota do Sol - marcada por interrupções, embargos judiciais, protestos de ambientalistas, falta de vontade política, insuficiência de recursos públicos e frustração de milhares de gaúchos - iniciou um novo capítulo, hoje (7) pela manhã, em Terra de Areia, quando o governador Germano Rigotto (o oitavo desde a elaboração do projeto original da rodovia) entregou 12,4 quilômetros de asfalto que ligam os entroncamentos da BR 101 e da Estrada do Mar (RS 389). Circulam por ali, mensalmente, 14 mil veículos. Rigotto disse que a obra interfere de maneira positiva no fluxo da produção interna, na campanha pela atração de novos investimentos, no fortalecimento da atividade turística e no processo de geração de emprego e renda, além de reduzir em até 100 quilômetros a distância entre a Serra e o Litoral Norte. O trecho inaugurado, entre Terra de Areia e Curumim, não figurava no projeto original, gestado em 1972, e foi incluído por iniciativa de Rigotto. Quando se chegava à Terra de Areia, já se sabia que viria um martírio pela frente até a Estrada do Mar, pela situação da estrada. Os R$ 8,2 milhões investidos aqui, ao longo destes últimos dois anos, são muito importantes na continuidade das etapas que estamos vencendo para concluir a Rota do Sol, que é estruturante e fundamental para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Aos recursos já aplicados, vão se somar os que vinham sendo canalizados para os outros trechos, que agora poderão ter as obras aceleradas, afirmou o governador. Rigotto disse também que espera entregar, até o final de janeiro, o Viaduto Aratinga. Acrescentou que estão sendo tomadas providências para que, independentemente de assinatura de contrato com o Prodetur/Sul (Programa de Desenvolvimento do Turismo na Região Sul), sejam iniciadas as obras da chamada variante ambiental. Esse trecho - o mais caro do projeto - terá 4,5 quilômetros de túneis e viadutos para proteção da Mata Atlântica e ainda depende de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no valor de R$ 70 milhões, a serem captados através do Prodetur. A partir da conclusão da Rota do Sol, o nosso litoral não terá vida apenas três meses por ano, mas durante os 12 meses, com a movimentação do comércio, de restaurantes, bares e hotéis, destacou Rigotto. Conforme lembrou o governador, desde que assumiu o governo, os investimentos em estradas, em todo o Rio Grande do Sul, somam 524 mil quilômetros de terraplenagem e 1.235 quilômetros de recapeamento e sinalização. Grande parte dessas obras só foi possível com financiamentos do Bird (Banco Mundial), que exigiram renegociações, por causa de pendências de anos anteriores a 2003. São coisas que às vezes não aparecem, mas que mostram que não estamos imobilizados diante de uma situação financeira difícil, observou. Etapas O secretário dos Transportes, Alexandre Postal, salientou que o governo do Estado está cumprindo as etapas prometidas. Estamos realizando aqui a concretização do sonho de ligar a Serra ao mar, disse. De acordo com o prefeito de Terra de Areia, Generi Lipert, o trecho inaugurado hoje satisfaz uma expectativa muito grande da população. É uma conquista para o município, disse ele, lembrando que a estrada de terra foi aberta ainda na década de 40, no braço, pela dificuldade de equipamentos. Depois, foi construída uma ponte e sucederam-se governos, mas ninguém teve a ousadia de pavimentar aquele trecho, afirmou o prefeito. Estiveram presentes também os secretários da Habitação e Desenvolvimento Urbano, Alceu Moreira, e do Meio Ambiente, Mauro Sparta, o diretor-geral do Daer, Roberto Niederauer, o presidente da Câmara de Vereadores de Terra de Areia, Vilson Andrade, o prefeito de Santo Antônio da Patrulha e presidente da Associação dos Municípios do Litoral Norte, José Francisco da Luz, o prefeito de Caxias do Sul, José Ivo Sartori, e o presidente da Câmara de Indústria e Comércio de Caxias do Sul, Francisco Müller. O projeto O projeto Rota do Sol é composto de quatro etapas distintas de obras: entroncamento da RST 453, em Aratinga, 4,8 quilômetros; variante ambiental da Rochinha, 1,5 quilômetro; Arroio Limoeiro, 17 quilômetros; e Estrada do Mar/Curumim (RS 486), de 8,9 quilômetros. Entre 1972 e 2002, foram aplicados R$ 66,5 milhões. O valor quase equivale aos investimentos feitos na rodovia pela atual administração estadual: R$ 20 milhões em 2003 (quando a construção foi retomada), R$ 20 milhões em 2004 e outros R$ 20 milhões em 2005 (previsão mínima no orçamento anual). A conclusão está prevista para o final deste ano, de acordo com estimativas das empreiteiras responsáveis pela execução dos trabalhos (Camargo Corrêa, Mac Engenharia, Toniollo Busnello e Sultepa), com exceção feita apenas à etapa variante ambiental. Integração A Rota do Sol (RS 486) compreende um circuito rodoviário de 749,5 quilômetros que corta o Rio Grande do Sul de leste a oeste, iniciando no entroncamento com a Estrada do Mar (RS 389). A partir do município de Terra de Areia, a rodovia acompanha a Serra - no eixo da RS 486 - até encontrar a RST 453, através da qual percorre a região da Serra e alcança o Vale do Taquari. Naquele ponto, funde-se à RST 287, que acessa Santa Maria, e à BR 287, que conduz a São Borja. Os primeiros estudos envolvendo a Rota do Sol datam de 1972, durante o governo Euclides Triches, motivados pela idéia de abrir um corredor entre o pólo metal-mecânico de Caxias do Sul e o Litoral Norte do Estado, permitindo o escoamento da produção industrial da Serra gaúcha ao norte do país, pela BR 101, e servindo como alternativa à BR 116 (para Santa Catarina). Na administração Amaral de Souza, o projeto Rota do Sol obteve dimensão nacional, passando a ser denominado Rodovia da Integração por compor um eixo com característica transversal - formado pelas RS 486, RST 453 e RST 287 -, unindo a fronteira com a Argentina (São Borja) e o leste do Rio Grande do Sul. Em 1989, as obras sofreram embargo judicial, supostamente por não atenderem a requisitos de preservação ambiental, considerando sua passagem por território (São Francisco de Paula e Terra de Areia) coberto por Mata Atlântica. A liberação só foi obtida depois que a planta original sofreu adaptações, em 1996, providência que permitiu a construção de um túnel e dois viadutos, entre as localidades de Tainhas e a Várzea do Cedro. A insuficiência de recursos financeiros provocou nova interrupção em 2002, fazendo com que as obras fossem retomadas no ano seguinte, no início do governo Germano Rigotto. Iniciaram-se então a conclusão dos projetos relativos à variante ambiental, ao Viaduto Aratinga e à pavimentação do trecho entre Terra de Areia e Curumim. Cronologia 1972 - Início dos estudos da ligação rodoviária entre a Serra gaúcha e o Litoral Norte do Estado. 1975 - Elaboração do primeiro projeto de engenharia, enquadrando a Rota do Sol como estrada de interesse nacional (Rodovia da Integração). 1998/1990 - Após um hiato de 23 anos, o projeto final é elaborado a partir da proposta original, de 1975, contendo adaptações para reduzir custos. 1990 - Início das obras, embargadas no mesmo ano por inadequação a exigências ambientais (passagem pela Mata Atlântica). 1996 - Reinício dos trabalhos, após obtenção da licença ambiental. 2002 - Nova paralisação, por insuficiência de recursos financeiros. 2003 - Retomada das obras com inclusão do trecho compreendido pelos entroncamentos com a BR 101 (Terra de Areia) e com a RS 389 Curumim, priorizado pelo atual governo.