O teatro da Penitenciária Feminina Madre Pelletier sediou nesta sexta-feira (9) o primeiro casamento homoafetivo entre duas apenadas sob a égide da crença afroumbandista. A cerimônia foi celebrada pelo sacerdote e presidente da Federação Afroumbandista e Espiritualista do RS (Fauer), Everton Afonsim, que já abençoou 38 uniões, sendo 17 delas homoafetivas.

As detentas, que se apaixonaram na prisão, estavam vestidas como manda o tradicional casamento. Com direito a vestido branco, buquê, terno e alianças douradas. 

Emocionadas, ambas foram acompanhadas de seus familiares, que as conduziram até o altar religioso, onde estavam expostos os elementos que abençoaram o casamento. Apenas água, flores e perfume.

Segundo o sacerdote, tais elementos representam a vida, a essência e o bem universal. Para ele, consagrar este casamento dentro de uma penitenciária representa a quebra de um paradigma e evolução da sociedade no respeito aos direitos de todas as pessoas, não importando o gênero e nem a religião.

No momento de dizer o simbólico “sim”, as duas, que têm na inicial de seus primeiros nomes a letra “V”, trocaram o beijos e mensagens de amor, além da garantias de respeito, arrancando do público lágrimas e muitas palmas.

A titular da Coordenadoria Penitenciária da Mulher/Assessoria dos Direitos Humanos (ADH) da Susepe, Anelise Pereira, disse que esta união é uma mostra do que acontece na sociedade. “O que acontece fora deve acontecer aqui dentro também, com todas as garantias na execução dos direitos das mulheres privadas de liberdade”.  

Ao fim da consagração, as noivas assinaram ata de união, estabelecida pela Fauer. Os convidados foram recepcionados com doces e salgadinhos, após o cumprimento às noivas.

O evento contou também com a presença de integrantes da Fauer, da diretora da Penitenciária Feminina Madre Pelletir, Marília Simões, da titular da Assessoria dos Direitos Humanos/Susepe, Maria Diniz, e agentes penitenciários e técnicos.

Texto: Neiva Motta
Edição: Redação Secom (51) 3210.4305