Os EUA são um país violento, afirma policial do FBI
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Para o representante no Brasil da Polícia Federal dos Estados Unidos (FBI), Gary Zaugg, os EUA são um país violento. A afirmação foi feita durante o painel O geo-referenciamento dos indicadores de segurança pública. O tema integra a programação do I Seminário Nacional Estatísticas de Segurança Pública, organizado pela Secretaria da Justiça e da Segurança (SJS), que acontece nos dias 1 e 2 de abril no Hotel Continental, em Porto Alegre. Gary Zaugg falou sobre o modelo de controle estatístico utilizado pela polícia norte-americana e disse que, apesar de existirem meios eficazes de controle de informações, a polícia nunca obterá todas as informações de crimes que acontecem no país. Ele explicou que os dados policiais são coletados pelos departamentos de polícia municipais e enviados ao FBI. Ao final do ano, o órgão central elabora um relatório com os índices de crimes relacionados pelos 17 mil órgãos de segurança pública daquele país. Segundo o FBI, acontece um arrombamento a cada 15 segundos nos Estados Unidos. A cada 27 segundos ocorre um furto de veículo, um assalto a cada 34 segundos, um roubo por minuto, um estupro a cada seis minutos e um assassinato a cada 34 minutos. Gary divulgou também um dado importante: em 2000, 51 policiais americanos foram assassinados a tiros deflagrados por suas próprias armas. A partir destas informações, detectou-se a necessidade de treinamento para reduzir estes indicadores explicou. O analista criminal da Polícia da Província de Bueno Aires, Gaston Pezzuchi, destacou a importância da localização correta dos crimes para a identificação dos principais fenômenos da violência. Gaston apresentou também uma amostra do Sistema de Informações Geográficas (SIG), um programa que localiza os crimes e que vem sendo utilizado pela polícia portenha. Trata-se de um trabalho de integração que envolve treinamento de policiais, qualidade no processamento das informações e uso adequado de softwares avançados de cartografia, afirmou. O analista disse que a construção de uma base de dados criminais passa pela manutenção correta das informações, análise dos dados coletados e a distribuição eficiente do conhecimento aos demais departamentos de polícia. Gaston defendeu ainda a integração entre informações da polícia e do poder judiciário. Quem combate o crime deve falar a mesma língua, finalizou o argentino. O coordenador acadêmico de pesquisas da criminalidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sociólogo Juan Mário Fandiño, destacou a importância do convênio firmado entre a UFRGS e a Secretaria da Justiça e da Segurança (SJS), através do qual estão sendo realizados diversos estudos dos fenômenos da criminalidade. Fandiño falou sobre a necessidade de classificar os crimes de acordo com a gravidade do delitos e conforme a sua organização. Ele explicou que existem quatro formas pelos quais os delitos se inserem na sociedade: o crime ordinário (furtos), o doméstico (ameaças, lesões corporais), os crimes organizados em pequena escala e promovidos por gangs ou quadrilhas (roubos) e os organizados em grande escala (tráfico de drogas). O crime organizado coordena os demais e tem conseqüência direta em toda a sociedade brasileira, justifica.