Missão gaúcha visita gigantes mundiais da irrigação no quarto dia nos Estados Unidos
Comitiva conheceu tecnologias de ponta e reforçou o compromisso do RS em ampliar a área irrigada no Estado
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Nesta quinta-feira (23/10), quarto dia da missão oficial do governo estadual aos Estados Unidos, a comitiva liderada pelo vice-governador Gabriel Souza realizou visitas técnicas a duas das maiores fabricantes mundiais de equipamentos para irrigação de precisão. O objetivo foi conhecer tecnologias de ponta, fortalecer as relações comerciais e reforçar o compromisso do Rio Grande do Sul em ampliar a área irrigada no Estado.
A primeira visita ocorreu na sede do grupo Valmont, em Valley (Nebraska), que reúne 31 marcas no portfólio, incluindo a Valley Irrigation, uma de suas principais divisões. A empresa é responsável por cerca de 40% dos pivôs centrais instalados no mundo, totalizando mais de 250 mil equipamentos em operação em 120 países, irrigando aproximadamente 12 milhões de hectares. “Hoje, a Valley Irrigation tem uma fábrica em Minas Gerais, mas não há por que, no futuro, o Rio Grande do Sul não sediar também uma unidade produtiva. Somos um mercado estratégico, tanto para o abastecimento do sul do país quanto para exportação ao Mercosul. O governo do Estado tem total interesse em atrair investimentos desse segmento para o nosso território”, destacou o vice-governador.
A fábrica da empresa em Minas Gerais fica na cidade de Uberaba e, recentemente, foi ampliada para produzir o mesmo modelo de pivô utilizado mundialmente, com planos de exportação a partir do Brasil. Um novo modelo, voltado a pequenas propriedades rurais, está em desenvolvimento e deve ser lançado em 2026.
Mais qualidade e produtividade com irrigação
A comitiva também visitou a sede da Lindsay Center Pivot Company, em Omaha, outra gigante mundial do setor de irrigação. Durante a apresentação, foi destacado que a irrigação é um fator essencial para o futuro do agronegócio, por garantir colheitas de maior qualidade e produtividade a partir de um gerenciamento mais preciso da água ao longo das estações. Esse controle permite atender às exigências dos consumidores por alimentos de alta qualidade, ao mesmo tempo em que promove maior eficiência no uso dos recursos naturais.
Estudos apresentados pela empresa mostram que o uso da irrigação pode elevar significativamente os rendimentos agrícolas em comparação ao cultivo de sequeiro, quando a plantação é irrigada apenas com água da chuva: 67% no trigo, 88% no algodão, 100% na beterraba, 150% na alfafa, 189% na cana-de-açúcar, 200% na soja, 250% na batata e até 280% no milho. Os dados reforçam o papel da irrigação como instrumento fundamental para garantir a segurança alimentar e a estabilidade produtiva em meio às mudanças climáticas.
O vice-governador destacou que os desafios relacionados ao clima exigem uma nova abordagem sobre o uso da água e o planejamento agrícola no Rio Grande do Sul. “O Estado vive uma realidade climática cada vez mais extrema: temos enfrentado estiagens severas e, ao mesmo tempo, enchentes devastadoras. Uma realidade bem mais difícil se comparada a outros Estados brasileiros. Isso reforça a necessidade de planejar o uso da água de forma inteligente, com mais reservação e irrigação. A missão aqui nos Estados Unidos nos mostra que é possível combinar tecnologia, produtividade e sustentabilidade e é esse caminho que queremos seguir”, afirmou.
Potencial brasileiro
Durante a apresentação, os executivos da Valmont ressaltaram o grande potencial do Brasil para expansão da irrigação e aumento da produtividade agrícola. Atualmente, menos de 3% das áreas agrícolas brasileiras são irrigadas, embora o país concentre 12% das reservas de água doce do planeta. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), o Brasil possui 8,2 milhões de hectares irrigados, mas o potencial total chega a 55,8 milhões de hectares — um crescimento possível de 680%.
No Rio Grande do Sul, o potencial de expansão é estimado em 3 milhões de hectares, o que representa um aumento de 266% sobre a área irrigada atual. “O Brasil é o segundo maior mercado de irrigação do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. E o Rio Grande do Sul tem um enorme potencial de crescimento nesse setor”, acrescentou o vice-governador.
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O diretor de Gestão Corporativa da Invest RS, Rodrigo Ribeiro, destacou que a missão também busca gerar oportunidades concretas de negócios. “Um dos objetivos da Invest RS neste roteiro em Nebraska é identificar oportunidades de investimento associadas à economia da irrigação, para que o Rio Grande do Sul incorpore à estratégia de enfrentamento das estiagens sucessivas a criação de uma cadeia de fornecedores específicos para equipamentos. Seria uma forma de baratear custos e desenvolver tecnologias adequadas para a nossa realidade”, afirmou Ribeiro.
O secretário da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Edivilson Brum, avaliou que as empresas têm interesse em expandir mercado e que o Rio Grande do Sul tem muito potencial para recebê-las. “Hoje temos apenas 4% da área irrigada no Estado, métricas que estamos tentando aumentar com políticas públicas de incentivo à irrigação. Recebemos mais de 1,4 mil projetos, com potencial de repasse ao produtor na ordem de R$ 66 milhões e mais de R$ 500 milhões em investimentos do produtor. Já estamos trabalhando numa nova edição do edital do Irriga+ RS, que concede subsídio direto ao produtor rural que implantar sistema de irrigação na sua propriedade”, salientou Brum.
Texto: Juliane Pimentel/Ascom GVG
Edição: Camila Cargnelutti/Secom