Missão à China: Rigotto diz que resultados vão além do imediato
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O governador Germano Rigotto fez hoje (25), em Hong Kong, onde a missão governamental e empresarial gaúcha cumpre até amanhã os últimos compromissos da viagem de duas semanas à China, um balanço da atração de investimentos para o Rio Grande do Sul. Rigotto, assim como os 35 empresários que o acompanham, considera os acordos fechados e as possibilidades de negócios encaminhadas como significativos não apenas pelos resultados comerciais imediatos, mas também pelos dividendos a médio e longo prazos. Entre os principais retornos dos encontros com empresários e lideranças políticas, citou as parcerias firmadas com investidores chineses nos setores de infra-estrutura, rodovias, ferrovias e energia. Tivemos um trabalho forte e um número de reuniões difícil de se cumprir em tão pouco tempo, mas pudemos mostrar as potencialidades do Rio Grande do Sul e construir parcerias entre empreendedores chineses e gaúchos, avaliou. O roteiro, iniciado em Xangai, no último dia 17, prosseguiu em Pequim e Wuhan, a capital de Hubei, província irmã do Rio Grande do Sul. Na última etapa, em Hong Kong, neste sábado (26), a delegação participa da inauguração da Service Freight Hong Kong Co. Ltd., primeira agência brasileira - de procedência gaúcha - para consolidação de cargas na China. O anfitrião será o presidente da Service Freight do Brasil, Paulo Rogowski. Conquistas O acordo para instalação de um escritório de representação do Rio Grande do Sul em Xangai e o contrato entre a China National Guizhou Aviation Industry (Gaig) com a gaúcha Aeromot, que vai fornecer peças para fabricação de aviões ao grupo chinês, foram destacados por Rigotto entre as principais conquistas. Outro importante negócio ficou alinhavado com a Shangai Anxin Flooring Co. Limited, responsável por mais de 12% da produção de pisos de madeira da China e por 80% das exportações do país nesse segmento. Dia 15 de julho, o presidente da organização, Carl Lu, estará em Porto Alegre para visita técnica em que fará uma prospecção do potencial gaúcho para florestamento e extração de madeira. A fabricante de assoalhos chinesa já é dona de 80 mil hectares no Brasil e busca novos parceiros para aumentar os estoques de matéria-prima para manufaturar. Nos três anos em que atua no Brasil , investiu US$ 13 milhões. O volume de importação de madeira da empresa chega a 96 mil metros cúbicos por ano, o que equivale a 400 contêineres mensais. Avanços A passagem por Pequim deixou o governador gaúcho entusiasmado pelas reuniões que sinalizaram investimentos no anel rodoviário da Região Metropolitana de Porto Alegre e na ferrovia entre Pelotas e a Capital. Houve, também, avanços no projeto CTSUL, de construção da usina termelétrica a carvão em Cachoeira do Sul, com a participação da China National Machinery & Equipament Import & Export Corp. (Cmec), e na viabilização do término das obras de Candiota 3. Duas empresas, a CNTIC Trading, do grupo Genertec, e a China National Heavy Machinery Corporation (CHMC), manifestaram interesse em investir no Rio Grande do Sul, em energia termelétrica, pequenas hidrelétricas, portos, ferrovias e rodovias. Ambas oferecem financiamentos a custo baixo e encarregam-se de projetos e obras. Precisam apenas de parceiros para operação dos empreendimentos. Soja Para Rigotto, só a solução ao embargo da soja brasileira pela China já teria valido a viagem. O governador gaúcho teve importante participação nas negociações para encerrar o impasse, que duraram quatro horas e culminaram com a aceitação, pelos chineses, das novas regras estabelecidas pelo governo brasileiro, admitindo a presença de apenas uma semente tratada com fungicida em cada quilo do grão para exportação. Os Estados Unidos, onde até então vigoravam as normas mais rígidas, permitem três sementes por quilo de soja. A reunião sobre o assunto, no Ministério da Quarentena (responsável pelo controle sanitário), em Pequim, teve a presença do secretário da Agricultura do RS, Odacir Klein. Com o fim do embargo, as 23 empresas brasileiras que haviam tido cargas recusadas voltaram a exportar. O Rio Grande do Sul é o maior exportador brasileiro de soja para a China, e não era justo que todos pagassem pelo erro de um ou de outro. Temos agora as regras mais rigorosas do mundo para garantir a qualidade do produto, o que o governo chinês compreendeu com boa-vontade, disse Rigotto. Na área de alimentos, além do desfecho para o problema da soja, Rigotto comemora a possibilidade definitiva de exportação de carne brasileira para a China, com significativa participação do Rio Grande do Sul. Felizmente, estão caindo algumas barreiras fitossanitárias. E além da soja e da carne, abrimos as portas também para a venda de frutas cítricas brasileiras, observou. Entendimentos A Província de Hubei e o Rio Grande do Sul estão ligados pelo Acordo de Fraternidade e Cooperação, que prevê, entre outros projetos, o intercâmbio em ciência e tecnologia, cultura, educação, esportes, saúde, comércio e recursos humanos. Além desses segmentos, também os de software e automação industrial estão entre as prioridades das relações entre as economias gaúcha e de Hubei. Em agosto, chegará a Porto Alegre uma missão oficial da Província, liderada pelo vice-presidente do Congresso Popular, Jia Tianzeng. Os governantes querem estreitar o relacionamento com o Rio Grande do Sul e ampliar os entendimentos também no agronegócio - que sustentou, no ano passado, o crescimento de 4,7% do PIB gaúcho, contra 0,2% do país. Sandro Schreiner Hong Kong, China