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Maior produtor de azeite extravirgem do Brasil, RS projeta mais de 500 mil litros para 2023

Estado responde por 75% da produção do país

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Produção de azeite de oliva extravirgem da Fazenda Serra dos Tapes
Produção de azeite de oliva extravirgem da Fazenda Serra dos Tapes - Foto: Thiago Cruz

Com a escalada do interesse da população brasileira em consumir azeite de oliva extravirgem, o Rio Grande do Sul se prepara para superar a produção de 2022, que foi de 450 mil litros, e ultrapassar o volume de 500 mil litros neste ano. O objetivo é se manter líder nacional no setor, respondendo por 75% da produção no Brasil – seguido por Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Paraná.

Cerca de 100 milhões de litros de azeite de oliva extravirgem têm passado pela cozinha dos brasileiros a cada ano. Esse cenário colocou o Brasil como o segundo maior consumidor mundial do produto, atrás apenas dos Estados Unidos (que atingem 300 milhões de litros).

A evolução da atividade industrial no Estado fica evidente nos números. Em 2017, o Rio Grande do Sul tinha 17 marcas de azeite, quantidade que saltou para 80 rótulos na atualidade. Hoje, o Estado possui 17 indústrias em operação, além de planos para abrir cinco novas fábricas até o final do ano. O movimento repercute na geração de vagas de emprego: na safra anual, de fevereiro a abril, a força de trabalho chega a abrir mil postos temporários, tanto na indústria quanto no campo. 

Conforme o presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Renato Fernandes, o Rio Grande do Sul vive seu ápice na produção de azeite de oliva extravirgem. “É o novo ciclo econômico do Estado. Nossa pretensão, a longo prazo, é atingir o patamar da Espanha, que responde por 40% da produção mundial, seguido pela Itália, com 22%, e a Grécia, com 14%”, relata Fernandes. Ao todo, a fabricação total de azeite de oliva é de 3,2 milhões de toneladas por ano, segundo o Conselho Oleícola Internacional (COI).

O investimento na capacidade de produção é um ponto que deve contribuir para a ascensão do segmento. Em 2002, só havia um município produtor de azeite de oliva do Estado: Caçapava do Sul. Em 2017, esse número passou a ser de 56 municípios. No ano passado, subiu para 110. Já os produtores de oliva, em 2002, eram apenas seis; em 2017, chegaram a 145; e, em 2022, o número ultrapassou os 300 produtores. 

Esse cenário aparece em levantamento do Ibraoliva. Dados da entidade indicam que o investimento feito pelas empresas do setor no Estado atingiu o valor de R$ 150 milhões no último ano. Considerando a última década, as cifras somaram R$ 1,5 bilhão para alavancar a indústria. 

“O segmento é promissor, gerando valor agregado à cadeia produtiva do Estado e atuando em diversas áreas. Assim, amplia a força de trabalho nos setores de indústria, agricultura e turismo, o que contribui para o crescimento econômico”, analisa o titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Ernani Polo.

Programa governamental incentiva indústria de azeite de oliva

O governo estadual concede incentivos fiscais para alavancar a indústria do azeite de oliva. Por meio do Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul (Fundopem) – um incentivo que não libera recursos financeiros para as empresas, mas apoia por meio do financiamento parcial do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incremental devido gerado a partir da sua operação –, é possível a instalação de empresas com desconto fiscal, conforme regramento do programa. O Departamento de Economia e Estatística da Sedec é responsável pelo programa.

Duas indústrias de azeite de oliva do Estado foram contempladas pelo Fundopem. A Fazenda Serra dos Tapes, em Canguçu, teve o projeto aprovado em 2022, com benefício de R$ 2,6 milhões que já pode ser usufruído mediante abatimento do ICMS. Investindo em olivais desde 2016, o proprietário Jerônimo Santos decidiu ter a própria indústria em 2020. Hoje, abastece o mercado doméstico, tendo como principais clientes São Paulo e Rio Grande do Sul. “Vamos usar o recurso do Fundopem para tornar o produto mais competitivo. Nossa maior dificuldade atual é ingressar no varejo, pois entram no país muitos azeites importados que, embora informem no rótulo que são extravirgens, são virgens e com preço de virgens. Isso faz com que nosso produto, que é puro, pareça caro”, explica o produtor.

A outra indústria é a Nostra Terra Agroindustrial, de Cachoeira do Sul, que foi beneficiada com R$ 4 milhões e previsão de 60 novos empregos diretos e indiretos. Segundo o diretor de Marketing, Rafael Farina, a fábrica está em construção. “A estimativa é que as operações comecem até o final do ano”, projeta o diretor. 

Virgem e extravirgem

No rótulo, muitos azeites de oliva disponíveis no mercado informam serem extravirgens. Porém, Fernandes não garante a integridade da informação. “Mais de 90% desse volume anual de 100 milhões de litros disponíveis no mercado brasileiro reprova no teste de extravirgem porque possuem defeito no aroma e no sabor. Eles passam a ser azeites virgem de segunda categoria”, explica o presidente do Ibraoliva.

Fernandes salienta que a produção anual abastece o mercado doméstico, em especial os Estados do sul e do sudeste. A exportação ainda não está na previsão a curto prazo, mas é um foco de operação para o futuro. Hoje, a área plantada de quase 6 mil hectares, com cerca de 321 produtores em 108 municípios, é voltada para atender a demanda interna. “Para o mercado internacional, precisamos, pelo menos, dobrar esses números, e queremos fazer isso de forma planejada”, avalia Fernandes, ressaltando que o Estado tem aptidão de clima e solo para plantar 1 milhão de hectares. 

A maioria dos olivais se encontra na Metade Sul do Rio Grande do Sul. Alguns dos principais municípios produtores são Encruzilhada do Sul, Canguçu, Pinheiro Machado, Caçapava do Sul, São Sepé, Cachoeira do Sul, Santana do Livramento, Bagé, Barra do Ribeiro e Sentinela do Sul.

Outro espaço cada vez mais ocupado pelo setor é o turismo. Atualmente, é possível conhecer os olivais e o caminho do produto antes de ir para as garrafas por meio da Rota das Oliveiras, instituída por lei estadual desde 2019. A rota integra Bagé, Barra do Ribeiro, Cachoeira do Sul, Caçapava do Sul, Camaquã, Candiota, Canguçu, Dom Feliciano, Dom Pedrito, Encruzilhada do Sul, Formigueiro, Hulha Negra, Pântano Grande, Pinheiro Machado, Piratini, Restinga Seca, Rosário do Sul, Santa Margarida do Sul, Santana do Livramento, São Gabriel, São João do Polêsine, São Sepé, Sentinela do Sul e Vila Nova do Sul. 

A Rota das Oliveiras no Rio Grande do Sul já atingiu um movimento de 500 mil turistas nos últimos 12 meses. “A área atraiu cerca de 200 trabalhadores no último ano apenas para atender a demanda de visitantes interessados em conhecer mais o universo da olivicultura”, conta Fernandes.

Mais informações sobre o Fundopem

Texto: Taís Teixeira/Secom
Edição: Felipe Borges/Secom

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