Leite defende compatibilidade entre ajuste fiscal, justiça social e combate ao crime em painel sobre oportunidades para o Brasil
Em evento em SP, governador afirmou que país deve superar falsos dilemas ideológicos para entregar desenvolvimento com equidade
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O governador Eduardo Leite participou, na tarde desta quinta-feira (4/12), do painel The Future of Politics (O futuro da política), no 18º Brazil Opportunities Conference, evento promovido anualmente pelo J.P. Morgan, no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo. Diante de um público formado por investidores e lideranças empresariais, Leite dividiu o debate com a deputada federal Tabata Amaral, sob mediação de Mirella Sampaio e Cinthya Mizuguchi, do J.P. Morgan Brasil.
Em um diálogo marcado pela defesa de inovação política, responsabilidade com resultados e enfrentamento corajoso aos desafios do país, o governador defendeu a compatibilidade entre responsabilidade fiscal, justiça social e combate ao crime para promoção do desenvolvimento equitativo no Brasil.
Leite destacou que as classificações tradicionais de direita e esquerda não dão conta da complexidade das necessidades do país, especialmente marcado por profundas desigualdades. Para ele, a verdadeira política do futuro exige equilíbrio entre eficiência econômica e políticas sociais robustas.
“Responsabilidade fiscal não é palavrão, é condição para fazer o orçamento deixar de ser capturado por interesses e poder, de fato, garantir segurança, educação e saúde para quem mais precisa. É tornar o orçamento justo”, afirmou, ao reiterar que o ajuste fiscal “não reduz o Estado, mas o coloca onde ele deve estar”.
Estado voltou a investir
Ao explicar como essa visão orientou a transformação do Rio Grande do Sul nos últimos anos, o governador citou o conjunto de reformas estruturais (administrativa, previdenciária, carreira pública, privatizações e concessões) que permitiu ao Estado recuperar capacidade de investimento e entregar resultados concretos. Lembrou que o RS saiu de um quadro crônico de déficit e atrasos salariais para alcançar o maior volume de investimentos públicos em décadas, com melhorias expressivas em segurança, infraestrutura, educação e digitalização de serviços.
No painel, Leite também reforçou a necessidade de superar a polarização que fragiliza o debate e favorece atalhos políticos e corporativismos. Para ele, a disputa ideológica tem sido usada para mascarar problemas reais e proteger privilégios.
“Sempre pergunto o que cada um chama de esquerda e de direita. Porque, na vida real, não há incompatibilidade entre firmeza contra o crime organizado e políticas sociais eficientes, entre promover igualdade de oportunidades e exigir responsabilidade na gestão pública”, disse.
A temática da segurança pública, muito demandada pela plateia, levou o governador a detalhar o modelo que levou o Rio Grande do Sul à maior redução de homicídios e roubos já registrada no Estado. Ao apresentar o programa RS Seguro, com foco em dados, governança, integração entre polícias e ações coordenadas no sistema penitenciário, Leite defendeu que o país precisa de uma liderança nacional capaz de articular as forças de segurança dos Estados e fortalecer a Polícia Federal.
“Não é uma operação policial isolada que resolverá o problema. É inteligência, tecnologia, comando claro e presença do Estado onde o crime tenta se impor”, ressaltou.
Leite e Tabata Amaral convergiram na defesa de uma política baseada em evidências, planejamento de longo prazo e coragem para enfrentar estruturas estabelecidas, seja em reformas fiscais, seja em combate à criminalidade ou no fortalecimento da educação.
Plano Rio Grande
Ao comentar caminhos para institucionalizar políticas de Estado, o governador citou a governança do Plano Rio Grande, que reúne governo, sociedade civil e academia para conduzir a reconstrução após as enchentes de 2024.
“Quando uma política deixa de ser propriedade de um governo e passa a ser patrimônio da sociedade, ela atravessa mandatos e vira compromisso coletivo. É isso que estamos promovendo a partir do Plano Rio Grande, o plano com ações em todas as frentes para proteger os gaúchos”, declarou.
Encerrando sua participação, o governador afirmou que o Brasil tem condições de liderar agendas estratégicas globais de sustentabilidade à inovação, desde que consiga alinhar responsabilidade, transparência e coragem.
“O país não precisa escolher entre mercado e social, entre firmeza e inclusão. O Brasil precisa de síntese, não de extremos. Confiança não se decreta, se constrói, com diálogo, com resultados e com visão de longo prazo”, concluiu.
O Brazil Opportunities Conference é considerado um dos fóruns mais relevantes do J.P. Morgan no mundo, reunindo investidores, executivos e formuladores de políticas para discutir tendências e perspectivas do país.
Texto: Carlos Ismael Moreira/Secom
Edição: Secom