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FEE, FGTAS e Dieese divulgam balanço da situação da mulher no mercado de trabalho

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A Fundação de Economia e Estatística (FEE), a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese/RS) apresentaram, na tarde desta segunda-feira, dia 6, na sede da FEE o balanço da situação das mulheres no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Porto Alegre no ano de 2005. Os dados fazem parte da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Porto Alegre (PED/RMPA), divulgada mensalmente pelas instituições, e foram apresentados pelos coordenadores da Pesquisa, socióloga Irene Maria Galeazzi, da FGTAS, e economistas Roberto Wiltgen, da FEE, e Lúcia Garcia, do Dieese. O mercado de trabalho da Região Metropolitana de Porto Alegre, em 2005, apresentou desempenho positivo em seus principais indicadores, na comparação com 2004. Essa evolução favorável esteve ancorada no aumento da ocupação, especialmente o emprego assalariado regulamentado, na queda do desemprego e em uma pequena recuperação do valor do rendimento médio real do trabalho. A melhora registrada nos indicadores foi semelhante para os contingentes feminino e masculino, revelando um comportamento distinto do registrado em 2004 quando as mulheres obtiveram ganhos proporcionais mais intensos do que os homens no que respeita à ocupação e aos rendimentos do trabalho. Segundo Irene Galeazzi, esses comportamentos muito semelhantes não trouxeram mudanças expressivas na situação da força de trabalho feminina quando comparada à masculina. Em 2005, a População Economicamente Ativa (PEA) feminina cresceu menos que a masculina, o que indica uma menor entrada de mulheres do que de homens no mercado de trabalho regional, aprofundando, com isso, a diferença de participação entre os segmentos. O contingente feminino foi acrescido de mais de 12 mil trabalhadoras, passando a 832 mil pessoas, enquanto a PEA masculina apresentou um incremento de 16 mil trabalhadores, ultrapassando um milhão de pessoas. A taxa de desemprego feminino recuou para 17,6% da PEA na Região em 2005 frente aos 19,1% do ano anterior, enquanto a taxa masculina diminuiu para 11,9% contra os 13,1% de 2004. “O recuo da taxa ocorreu também para os homens, embora a retração na taxa feminina foi inferior a do contingente masculino, o que provocou ligeiro aumento da diferença entre as mesmas. O contingente feminino continuou representando mais da metade dos desempregados em 2005, o equivalente a 54,9%, fenômeno que vem ocorrendo desde 1998”, afirmou a socióloga. A ocupação, por sua vez, apresentou crescimento proporcional semelhante para homens e mulheres, com uma pequena diferença a favor das mulheres (3,5% para as mulheres e 3,1% para os homens. Entretanto, em virtude de o contingente de mulheres ocupadas ser melhor do que o de homens, em números absolutos, o acréscimo no nível ocupacional foi maior no contingente masculino (acréscimo de 23 mil postos de trabalho para o congente feminino e de 26 mil para o masculino). O assalariamento com carteira assinada foi o principal responsável pelo aumento da ocupação feminina e o único com variação positiva entre os homens, alterando uma tendência de precarização das relações de trabalho que atingia mais intensamente as mulheres, explicou a pesquisadora. A socióloga explicou que as diferenças de remuneração são uma das formas mais persistentes de desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho. O rendimento médio real elevou-se para ambos os sexos em 2005, sendo um pouco maior para os homens (1,5%) do que para as mulheres (1,2%), interrompendo o movimento de diminuição da desigualdade entre os sexos, que vinha sendo registrado nos últimos quatro anos. O valor monetário do rendimento médio real das mulheres ficou em R$ 764,00, atingindo 74,4% do auferido pelos homens em 2005, que foi de R$ 1.027,00. O economista Roberto Wiltgen disse que apesar de, ao longo da série da PED-RMPA, a evolução dos dados revelarem uma tendência mais favorável ao segmento feminino, as condições de inserção de homens e de mulheres no mercado de trabalho permanecem desiguais, carregando para o âmbito do trabalho traços discriminatórios decorrentes das desigualdades de gênero presentes em nossa sociedade. Mulher negra ainda detém condições menos favoráveis A situação menos favorável ao contingente feminino no mercado de trabalho vê-se agravada quando analisada sob o recorte de raça-etnia, em que, à discriminação de gênero, se sobrepõem os padrões discriminatórios que afetam a população negra e, especialmente, as mulheres negras. A declaração é da economista Lúcia Garcia, do Dieese, ressaltando que as mulheres negras encontram-se inseridas, em proporções mais altas, no desemprego — com uma taxa de 23,0% em 2005 frente à taxa de 16,7% das mulheres não negras — em formas de inserção ocupacional associadas à maior precarização, detendo menos escolaridade que as mulheres não negras e rendimentos mais baixos entre os ocupados. A economista lembrou, ainda, que, considerando os setores de atividade econômica, sobressai a elevada participação das mulheres negras nos serviços domésticos (28,9%, em 2005, contra 12,5% entre as não negras), cujas condições de inserção são bastante precárias. “A inserção ocupacional mais desfavorável para as mulheres negras é também retratada na menor participação nos vínculos de emprego mais protegidos” disse, explicando que as parcelas assalariadas no setor privado com carteira assinada (36,8%) e no emprego público (13,2%) eram, em 2005, inferiores às registradas para as mulheres não negras (41,5% e 15,1%, respectivamente).
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