Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Início do conteúdo

Estudo aponta desafios e potencial da indústria química no Rio Grande do Sul

Publicação do Departamento de Economia e Estatística analisa estrutura, desempenho e oportunidades do setor

Publicação:

card2023 planejamento, governança, gestão
-

Com forte presença na economia nacional, a indústria química responde por 9,4% do valor da transformação industrial do Brasil e ocupa a terceira posição entre os segmentos da indústria de transformação. No Rio Grande do Sul, a indústria química representa 9,3% da transformação industrial, sendo a segunda maior entre os Estados, atrás apenas de São Paulo. O setor gaúcho destaca-se por sua capacidade produtiva e diversidade, mas ainda enfrenta desafios importantes ligados à competitividade e à baixa diversificação das exportações. 

A segunda edição da série DEE Setorial, publicada na segunda-feira (19/5) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), apresenta um panorama detalhado da indústria química brasileira, com foco na relevância e nas particularidades do setor no Rio Grande do Sul. O estudo, elaborado pela pesquisadora Flávia Félix Barbosa, cobre o período de 2002 a 2023, abordando estrutura produtiva, comércio exterior, emprego, produção, investimentos, inovação e perspectivas futuras. 

“O setor químico é bastante estratégico na economia de um país ou de uma determinada localidade. Isso por sua capacidade de gerar emprego e renda, pelos vínculos importantes com outros setores, por impulsionar o desenvolvimento de novos produtos, serviços e tecnologias, inclusive no que tange a soluções tecnológicas mais sustentáveis”, destacou a pesquisadora. 

Exportações e emprego no RS

Em 2023, o Rio Grande do Sul foi o segundo Estado que mais exportou produtos químicos, totalizando US$ 1,3 bilhão, o equivalente a 11,2% das exportações nacionais do setor. Ainda assim, o Estado registrou queda contínua na participação nacional desde 2013, reflexo da perda de competitividade que explica, inclusive, o avanço das importações no setor.

No mesmo ano, a indústria química gaúcha gerou 18.762 empregos formais, com concentração nos municípios de Rio Grande, Triunfo e Porto Alegre, que juntos responderam por 36,4% dos postos de trabalho no setor. A fabricação de fertilizantes, resinas e petroquímicos básicos são os principais geradores de emprego e concentram-se em complexos industriais como o Polo Petroquímico de Triunfo. 

Capacidade produtiva e investimentos

O estudo revela que a indústria química brasileira opera com níveis historicamente baixos de utilização da capacidade instalada. Em 2023, essa taxa foi de apenas 64%, o menor valor da série histórica iniciada em 1990. A baixa competitividade, os custos elevados de energia e insumos e o aumento das importações têm desestimulado novos investimentos. 

Apesar disso, iniciativas recentes como o Regime Especial da Indústria Química (REIQ investimento) e o Polo Integrado da Química, localizado em Triunfo, buscam reverter esse cenário. Empresas como Braskem e Innova anunciaram R$ 380 milhões em investimentos no Rio Grande do Sul, voltados à modernização de plantas e ao ganho de eficiência. 

“Os investimentos anunciados para o setor estão sendo motivados pela necessidade de modernizar as plantas produtivas, reduzir os custos, melhorar a competitividade e avançar na química verde, sobretudo com a produção de hidrogênio verde”, observou a autora do estudo.  

Química verde e inovação

Diante da agenda de transição energética, o estudo destaca o papel crescente da química verde. A produção de hidrogênio verde (H2V) e de bioprodutos, como fertilizantes e plásticos sustentáveis, apresenta-se como oportunidade estratégica para o Rio Grande do Sul, que conta com infraestrutura e base industrial favoráveis para esse reposicionamento. Em agosto de 2023, o governo estadual instituiu o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Hidrogênio Verde.

Políticas públicas e futuro

A publicação reforça que o fortalecimento da indústria química requer políticas industriais consistentes, alinhadas à inovação, sustentabilidade e uso de matérias-primas renováveis. A promoção de cadeias produtivas integradas e o estímulo à produção de especialidades químicas podem contribuir para reverter a tendência de perda de competitividade e estimular o crescimento do setor no Estado e no país.

Texto: Marcelo Bergter/Ascom SPGG
Edição: Secom

Portal do Estado do Rio Grande do Sul