Estado terá a maior safra de trigo dos últimos 13 anos
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O Rio Grande do Sul terá, em 2002, a maior safra de trigo dos últimos 13 anos. Apesar da quebra em alguns pontos do Estado, a estimativa de produção está em torno de 1.224.804 toneladas, um aumento de 13,8% em relação ao ano passado. A área plantada, de 757.500 hectares, cresceu 23%. A previsão é do técnico da Emater de Passo Fundo, Cláudio Doro. No comparativo entre os Estados, o Rio Grande do Sul é o que mais tem apresentado crescimento, tanto na produção como na área. O Estado participa com aproximadamente 36% da área cultivada de trigo no Brasil. Os números revelam que 45% da produção brasileira é gerada no Estado. O primeiro lugar é do Paraná, que deve colher 1.670.000 toneladas numa área de 985 mil hectares. De 1988 para cá, o plantio de trigo no Brasil aumentou 16,8% e no Rio Grande do Sul cresceu 56,6 %. O técnico atribui este bom resultado a três fatores. Primeiro, à correção do preço mínimo em 26,66%. O segundo é que o crédito rural foi bastante acessível. Terceiro é que o trigo é uma cultura que ajuda a diluir os custos fixos de produção das culturas de primavera/verão, do milho e da soja. Além disso, na ocasião do plantio o agricultor projetou a ampliação de área porque os preços estavam favoráveis no momento. Quando o agricultor plantou, vislumbrava no mercado internacional um cenário positivo e bons preços. O saco de 60 quilos está por R$ 27,00 ao agricultor. Se tiver o trigo estocado na propriedade, limpo e seco, o agricultor consegue R$ 31,00 pelo saco, devido os estoques mundiais estarem baixos. Os Estados Unidos colheram menos 13,87% em comparação com o ano passado, por exemplo. A Argentina reduziu a área de plantio em 14,3%. Com este cenário mundial, as cotações ficarão em alta. No mercado interno brasileiro, o Paraná sofreu uma frustração em torno de 32%. Doro prevê uma grande falta de trigo pela inexistência de estoques reguladores. Todos estes fatores dão sustentação a um bom preço, tanto no mercado interno como externo, estima o técnico. Crédito e assistência técnica A participação do Governo do Estado foi preponderante na opção do produtor pela expansão da área, diz o técnico. Destaca que através da Feprago foram colocadas no mercado boas cultivares, com alto potencial genético de produtividade. Também a Emater esteve ao lado do agricultor dando assistência técnica e motivação. Depois de dez anos sem financiar a cultura, o Banrisul retomou no atual governo estadual o financiamento do custeio e da comercialização do trigo. O banco do Estado ofereceu linhas de crédito, principalmente na agricultura familiar e para pequenos produtores rurais que tinham desistido do cultivo do cereal. Em três anos e meio foram liberados R$ 54 milhões. Este ano, o banco já liberou para custeio da cultura R$ 14,24 milhões, beneficiando 3.422 famílias de produtores rurais do Estado. De acordo com o diretor de crédito da instituição, José Romari Fonseca, os recursos que o Banrisul financiou aos produtores foram decisivos para que houvesse este incremento na lavoura de trigo. O Rio Grande do Sul é auto-suficiente em trigo e vende para todo o Brasil. No Estado são consumidos 900 mil toneladas. O técnico informa que o consumo brasileiro em relação ao trigo é de 10,5 milhões de toneladas. Sendo a previsão este ano de que a produção fique em torno de 3,4 milhões de toneladas. A diferença de cerca de 7,1 milhões/ton virá de importações. O maior fornecedor do Brasil é a Argentina. Claudio Doro destaca que, em 1986, o Brasil plantou a maior área de trigo, 3,8 milhões de hectares. A colheita foi de 6,4 milhões toneladas, volume próximo à auto-suficiência. De lá para cá, a área de plantio começou a decair. Hoje, estamos presenciando uma retomada de crescimento da triticultura no Brasil inteiro, principalmente no Rio Grande do Sul. Para continuar com este crescimento, observa, é necessário a permanência de uma política de bons preços mínimos pelo menos equiparada à evolução dos custos de produção, o crédito rural e o seguro agrícola. A maior preocupação atual do produtor de trigo são as condições climáticas. O Instituto de Meteorologia prevê chuvas abundantes para outubro e novembro. Neste momento, o trigo necessita de pouca umidade. Isso indica que a primeira estimativa poderá sofrer uma baixa. A colheita do trigo deve iniciar dia 20 de outubro, na região Noroeste. O plantio começou no dia 20 de maio na região Noroeste do Estado e concluiu-se no dia 20 de julho na região da Serra e Nordeste. Na Serra, a colheita vai até final de novembro. As geadas prejudicaram apenas em torno de 5% e 7%.