Empreender na favela é tema de painel na arena do governo no Gramado Summit
Mulheres empreendedoras contaram suas histórias de sucesso
Publicação:

“Inovação social: incluir e conectar” foi o tema de um dos painéis que movimentou a tarde desta quarta-feira (10/4) na arena de conteúdos do governo gaúcho no Gramado Summit. A fundadora da Digitais Pretas, Néllys Corrêa, contou como começou a empreender na favela e expôs a necessidade de capacitar mais mulheres no processo de criação dos seus empreendimentos.
“Quando falamos de negócios, obviamente a minha imagem de mulher preta não serve de referência. Eu criei a Digitais Pretas para impulsionar os negócios de outras mulheres pretas. Existe uma sociedade inteira que não consegue colocar a minha imagem como sendo a de uma empresária. Nós precisamos inspirar e fortalecer as mulheres empreendedoras para que elas entendam que seus trabalhos não são apenas um bico. Para isso, precisamos capacitá-las. Queremos ser tratadas de igual para igual, trabalhar junto e crescer”, contou.
Gabi Valente, criadora da Gabi Valente Soluções – uma escola para capacitar diaristas –, contou como abandonou um trabalho de carteira assinada para ser diarista e ajudar outras mulheres a se valorizarem na profissão. Ela destacou que ser empregada doméstica nunca foi motivo de vergonha, pois viu sua mãe desempenhar o papel durante a vida toda.
“Eu sou diarista e empreendedora social e sei que muitas pessoas enxergam a profissão de diarista como algo menor. Mas minha mãe foi empregada por 50 anos, na mesma família, e eu sempre admirei muito isso. Esse foi meu olhar para a profissão; porém, sem jamais ficar alheia à realidade das diaristas no nosso país”, relatou.
Com essa motivação, Gabi começou seu negócio no bairro Restinga, extremo sul de Porto Alegre. “Eu queria poder transformar esse trabalho que é importante para muita gente. Afinal, se é um trabalho que perdura, que seja da forma certa, com a visão certa e o olhar empreendedor que eu trago na Escola da Diarista. Meu negócio nasceu assim, para mostrar para a mulher o poder que ela tem, para que possamos falar de educação financeira, aprender a usar rede social e vender um novo perfil de trabalho”, explicou.
Na sequência do painel, o coordenador da Fundação Marcopolo, Luciano Balen, apresentou os projetos sociais da fundação, enfatizando aqueles voltados aos jovens. “Estamos estruturando a fundação para ser uma fonte de inspiração para outras empresas. Temos a Escola Marcopolo de criatividade, por exemplo, que em 2024 receberá 420 estudantes. Eles ficarão com a gente durante todo o ano e terão atividades continuadas com aulas de cinema, artesanato, dança e demais aspectos que mantêm a criatividade viva na juventude”, detalhou.
A mediadora do painel, Cleni Oliveira, do Departamento de Gestão da Inovação da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict), endossou o papel do governo na elaboração de políticas públicas que fomentem o empreendedorismo na favela. “É nosso papel enquanto Estado levar as ferramentas que temos no ecossistema para as favelas. Estamos trabalhando para conectar esses locais e fazer uma inclusão real com essa população. Não iremos evoluir sem consciência social”, finalizou.
Texto: Jéssica Moraes/Ascom Sict
Edição: Camila Cargnelutti/Secom