Discurso Dia Internacional da Mulher Prêmio Ana Terra - Theatro São Pedro
Publicação:
Boa tarde a todos nesta belíssima festa de homenagem à mulher. Através das mulheres e através da escolha que regionalmente se faz para que nós tenhamos aqui 27 homenageadas. Dando o tamanho, o tom, relembrando a história, a cultura, começando pelo nome deste troféu. Figura construída em literatura, mas baseada na vida concreta, baseada na vida real das mulheres gaúchas, das mulheres do Rio Grande do Sul. Quero cumprimentar o deputado Francisco Appio, vice-presidente da Assembléia. Nós estivemos com deputados até agora. E que quando me diziam olha, começou a cerimônia, a primeira pessoa já falou, a segunda pessoa já falou, eu falei: deputados e deputadas, é só atravessar a rua. Nesta homenagem à mulher, a Assembleia Legislativa é importante, é partícipe, é companheira. Então estão aqui, através tanto do Appio, quanto dos demais deputados, todas as representações de jornais e todas as representações partidárias do Rio Grande do Sul. Representantes do Tribunal de Justiça do Estado, desembargadora Vanderlei Terezinha Tremeia Kubiak; representante da Procuradoria Geral de Justiça, procuradora Jussara Maria Alaúde Ritter; subdefensora pública geral, Léa Britto Casper; deputados federais Luis Carlos Busatto, coordenador da bancada do Rio Grande do Sul de deputados e senadores, Beto Albuquerque, a quem eu vi mais distante, meu abraço; secretários de Estado, muitos aqui estão, e além dos secretários de Estado, todos aqueles dirigentes das vinculadas do Estado do Rio Grande do Sul, que têm nas suas trabalhadoras, nas suas líderes, nas suas parceiras, a força da mulher no trabalho do serviço público.
Prefeitos municipais que eu aqui vejo, eu quero, em nome do Fetter, que tem passado ali naquela nossa Zona Sul sequencialmente aquilo que a mudança climática que nos coube articular para enfrentar e articular para mudar. Parabéns aos prefeitos porque é lá das comunidades que vêm as nossas escolhidas Anas Terras. Diretora do Theatro São Pedro, Eva Sopher, que esteve comigo ouvindo a fala muito entusiasmada, muito poética, muito sensível, em nome de todas as mulheres homenageadas. O presidente do Fórum dos Coredes, Paulo Afonso Frizzo, e, ao saúda-lo, eu quero cumprimentar a todos os integrantes dos Coredes que sabem que é, nesta semana, nesta data, que os Coredes se reúnem para escolher as suas homenageadas do ano. Coordenadora-geral da Coordenadoria Estadual da Mulher, Maria Helena Gonzalez, que durante todo o ano trabalha no sentido de fazer desta data uma data de celebração. Então eu cumprimento a todas as senhoras integrantes da Coordenadoria Estadual da Mulher, das coordenadorias municipais da mulher, importantíssimas no organizar a questão de gênero nas suas comunidades, a presidente do comitê de Ação Solidária, Tarsila Crusius, que está aqui, participando como em tudo desta questão que através da ação solidária foca a questão da organização e da realização das mulheres como prática fundamental para a gente melhorar a qualidade de vida e os sentimentos em relação à nossa sociedade. Presidentes e dirigentes de entidades representativas ligadas ao movimento das mulheres, que são muitos e poderosos no Rio Grande do Sul. Rosane, a Rosane Vontobel Rodrigues que discursou e eu ouvi apenas através daquela italiana que organizou um livro, eu tenho como presente que um dos grandes poetas da nossa terra é o Aureliano de Figueiredo Pinto, dentre outros. Ele que é nome de rua aqui em Porto Alegre, teve nos seus valores escritos e nas suas poesias recomendadas, algo muito especial que borda e trabalha a nossa questão do ser gaúcho. Rosane, parabéns pelas palavras, sei que honrou a todas as homenageadas através delas!
Queridas agraciadas com o troféu Ana Terra, aos amigos, aos familiares, às pessoas da comunidade destas senhoras que aqui estão, meu muito boa tarde! Em nosso Estado, quando falamos de Ana Terra, falamos de gente conhecida, gente que participa de nosso convívio diário. E há razões para isso. A força do personagem criado pelo nosso Érico Veríssimo de um lado, e de outro, o fato de que a saga dos Terra caminha ao longo da saga real vivida e escrita por sucessivas gerações de habitantes do nosso continente. Aqui, nós não precisamos inventar heroínas nem heróis, como se esses nos faltassem. Nós temos em abundância. É por isso que o próprio Érico, indagado sobre a força da personagem, disse: penso nela como uma espécie de sinônimo de mãe, ventre, terra, raiz, verticalidade, permanência, paciência, espera, perseverança, coragem moral. Palavras de Érico Veríssimo. Resumindo e assumindo tudo isso numa única figura humana não é de estranhar a identidade Ana Terra, uma mulher gaúcha. Considero a iniciativa preciosa. A instituição desse troféu veio antes de nós. Como governadora, a mantivemos por reconhecê-la como forte, própria e necessária. Em sua concepção inicial, o troféu contempla o conjunto do Estado e suas regiões através dos Comudes e Coredes. E ali, promove a escolha anual de uma mulher que represente os valores na realidade atual, século XXI, perante as exigências do mundo moderno do ser mulher no Rio Grande do Sul. Não é puro feminismo, muito menos uma coisa só para mulheres. Trata-se de uma afirmação da responsabilidade social. Trata-se da cultura dos grandes valores da vida e da civilização. Trata-se de ter demonstrar interesse pelo próximo. Trata-se da proteção da família. Trata-se da promoção da cidadania. Não deixa de ser preocupante sabermos que muitas das grandes tragédias que compunham a vida social, naquele distante século XVIII, que tanto sofrimento trouxeram a Ana Terra, ainda perduram ou estão presentes na vida de um sem número de mulheres brasileiras. O preconceito, o estupro, a família monoparental, a violência que sacrifica tantos homens na senda do crime e do crime organizado persistem como parte sofrida na nossa realidade social atingindo milhares e milhares de mulheres e suas famílias através dos homens e de seus filhos.
Nosso governo vem agindo mediante um conjunto de políticas voltadas especificamente para as mulheres. Tinha que ser assim. Seria eu frustrada, como governadora e mulher, se na minha gestão não buscasse proporcionar avanços concretos na condição de vida das mulheres do nosso Estado. Além de ser um dever moral, um dever de justiça, é algo de que não abro mão. Como afirmei em artigo, publicado ontem no Correio do Povo, temos que fixar conceitos, temos que combater preconceitos. Tais políticas largamente debatidas em dezenas de encontros estaduais, em grandes conferências promovidas pela nossa Coordenadoria Estadual da Mulher, têm como foco a autonomia, a igualdade no mundo do trabalho e da cidadania, a educação, inclusive não sexista, a saúde das mulheres da qual depende a saúde de toda a nossa população, direitos sexuais e reprodutivos e, como foco, o enfrentamento à violência que se abate concentradamente sobre as mulheres. Parabéns a todas as homenageadas! Principalmente parabéns a todas as regiões de onde elas provêem por terem gerado filhos e filhas, mas filhas capazes, destas regiões em que aqui estão as homenageadas, de produzir tanto bem através da sua liderança na comunidade. Escolhem vir para o Rio Grande do Sul, pessoas com ideais republicanos, e pessoas com ideais republicanos para cá vieram há séculos. Foi a forja da busca da república que escreveu tantas das páginas de história de lutas aparentemente fratricidas, mas em nome de um ideal republicano, portanto de uma sociedade mais justa, de uma sociedade mais igualitária, de uma sociedade mais humana, como diz a nossa bandeira. Eu, minha mãe, minha avó, minha bisavó, como mulheres todas republicanas tínhamos, em algum momento, que chegar ao Rio Grande do Sul e darmos a nossa cota pra implementarmos aqui todas as condições para que, através do exercício de poderes autônomos, independentes e absolutamente responsáveis e comprometidos com a sua gente, pudéssemos escrever mais um capítulo desta história republicana de Ana Terra. E a todas vocês mulheres, como governadora e com muito orgulho, eu lhes dedico o meu muito obrigada por estarem aqui.