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Defesa da Constituição une esquerda e direita no Movimento da Legalidade

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O Movimento da Legalidade, que completou 50 anos em 2011, ao defender a posse do vice-presidente João Goulart (Jango), no lugar do presidente Jânio Quadros, que renunciara, em agosto daquele ano, uniu esquerda e direita na luta pela constituição. É o que atesta o funcionário público aposentado, Artur Zanella, com 21 anos em 1961. O meu pai era PDS, líder político em Itaqui, e lá era uma guerra contra o Brizola, Jango e Getúlio. Na época, não era getulista, brizolista, e talvez, quem sabe, no fundo quisesse que Jango nem fosse eleito.

Estudante do Colégio Julio de Castilhos na época, Zanella lembra que ao tomarem conhecimento da tentativa de romper a constituição, os alunos do Julinho fizeram uma grande manifestação a favor de que o Jango assumisse a Presidência da República. A influência que eu tinha não era tão política, porque tinha muita política no Julinho, e um dos poucos que não fazia política era eu, ressalta. Eu era contra o Brizola, mas a favor de que a constituição tinha que ser cumprida, enfatiza.

Zanella lembra quando Jânio Quadros e João Goulart foram candidatos à presidência e Jango como representante do RS perdeu no Estado. Votei orientado pelo meu pai, pelo partido, no Fernando Ferrari para derrotar o Jango. Na verdade se tem uma pessoa que foi para esta passeata de uma forma gritantemente a favor da constituição, esta pessoa sou eu, revela. Quando terminou a passeata, ele perguntou o que ia acontecer depois e teve a notícia de que todos deveriam se inscrever no Mata Borrão. Como a quantidade de alunos do Julinho era muito grande, tinha uma parte do prédio apenas para as inscrições do colégio. Eu me inscrevi. Eu não gostava do Brizola e ia lutar, conta.

Emocionado por relembrar da juventude e de fatos importantes vividos por ele, Zanella diz que chegando ao Palácio Piratini, encontrou seu tio de metralhadora, que na época era Tenente Coronel, e ainda mais contra o Brizola, Getúlio e Jango. É um movimento que uniu direita e esquerda, assegura. Zanella afirma que seu tio disse para ele se inscrever no Mata Borrão e ir embora pra casa, porque não serviria pra nada ali, que deveria deixar a Brigada Militar lutar. Se tiver que derrotar o exército, nós vamos derrotar, lembra Zanella das palavras do tio. Ele era o maior reacionário que eu já vi na minha vida, e ele estava lá de metralhadora para lutar.

Por concurso público, Zanella acabou trabalhando com Brizola, e em 1962 quando o governador solicitou que fizessem campanha eleitoral a favor de Ildo Meneghetti, recusou-se, principalmente porque era para o candidato de Brizola. Eu arrisquei tudo com 20 e poucos anos, e se um dia aparecer esta lista do Mata Borrão, o meu nome estará lá, se precisasse lutar, eu lutaria.

Texto: Daiane Roldão
Edição: Redação Secom (51)3210-4305

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