Crise é também oportunidade para busca de investimentos, diz Yeda a empresários
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A governadora Yeda Crusius afirmou, nesta segunda-feira (28), aos 214 empresários que participaram do encontro do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em São Paulo que, se o Rio Grande do Sul passa por uma crise financeira, ela é também oportunidade para a busca de investimentos. Durante a reunião-almoço, no Hotel Renaissance, enfatizou que o Estado dispõe de mão-de-obra qualificada e de condições de promover crescimento a curto prazo. Em relação aos investimentos estaduais, Yeda observou que eles deverão passar de 5% da receita corrente líquida para 10%. No entanto, enquanto amplia essa projeção, o Rio Grande do Sul vê diminuírem as receitas provenientes da União. Para a governadora, um dos fatores mais importantes na luta deflagrada por sua gestão para equilibrar as contas públicas é o reconhecimento obtido da Secretaria do Tesouro Nacional e do Banco Mundial (Bird), junto ao qual o governo gaúcho está encaminhando o processo de reestruturação de sua dívida pública. Eixos Yeda falou também a respeito dos três eixos de seu governo – gestão e finanças públicas, desenvolvimento econômico e desenvolvimento social – e respondeu a sete perguntas de empresários durante os 30 minutos reservados para isso. Sobre as parcerias público-privadas (PPPs), disse que está sendo construído um modelo que dará mais segurança aos contratos. Um dos grandes benefícios da parceria entre Estado e setor privado, de acordo com a governadora, está direcionado ao Porto de Rio Grande, para onde o Estado planeja um grande pólo naval. Com referência às notícias de corrupção no país, Yeda afirmou que considera as freqüentes denúncias como oportunidade para que se ataquem o que definiu como “um cancro” na vida política brasileira. A adoção de procedimentos eletrônicos nos serviços públicos, como os já utilizados no Rio Grande do Sul, é um dos instrumentos que no seu entender podem ajudar a evitar atos ilícitos. A nota eletrônica, por exemplo, foi citada como um caminho que permite transparência, redistribuição de recursos e sistematização de controle de quem está produzindo, o quanto e de que modo. Esse sistema fiscal, na opinião de Yeda, é uma preparação para o Imposto de Valor Agregado (IVA). Outro modo de combater a corrupção seria a descentralização de recolhimentos – hoje bastante concentrados na União – e de poder. A governadora acrescentou como fundamental, também, a transparência nas ações de governo, com acesso da população a informações. E além disso, afirmou que honestidade é também uma questão de educação. Banrisul Sobre o Banrisul, ressaltou que não haverá privatização. Explicou que a Constituição Estadual do RS impõe essa limitação ao estatuto do banco e que, atualmente, existe um grupo de trabalho, constituído desde janeiro, trabalhando para aumentar a capacidade potencial da instituição. Yeda respondeu ainda a questões sobre tecnologia e câmbio. Disse que o Rio Grande do Sul possui áreas de excelência em tecnologia, como os centros instalados em universidades e os laboratórios de pesquisas, presentes também em grandes empresas. Ao longo das últimas décadas, lembrou, o Estado deteve os melhores indicadores educacionais do país e tem conquistado o mercado internacional em diversos segmentos – entre os quais o setor vinícola, especialmente com a produção de espumantes, em que o Rio Grande do Sul vem evoluindo cada vez mais em tecnologia. Câmbio Com respeito ao câmbio, apontou as indústrias calçadista e moveleira como exemplos das mais prejudicadas. Yeda defendeu uma ação conjunta com o governo federal e uma política de compensação específica de perdas para esses setores, para que se recuperem ou tenham minimizados os efeitos da desvalorização cambial. Afirmou que vai procurar o BNDES para tratar dessa questão. “É importante que os setores prejudicados tenham apoio para atravessar as dificuldades criadas pela conjuntura econômica internacional”, argumentou. Entre os participantes do encontro, estiveram os presidentes da Coca Cola para o Mercosul, Ernesto Silva, da Embratel, Carlos Henrique Moreira, da Tim, Mário César Araújo, da Nestlé, Ivan Zurita, da Souza Cruz, Andrew Gray, da Couromoda, Francisco Santos, do Grupo LVMH, Davide Marcovitch, do Grupo Martins Atacados, Alair Martins, da American Air Lines, Erli Rodrigues, da Maphre Seguros, Antonio Cássio dos Santos, da OAB São Paulo, Luiz Flávio D’Urso, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Professor Meireles, da Golden Cross, João Carlos Regado, do Grupo Avis, Luis Afonso dos Santos, da Bracelpa, Osmar Zogbi, do jornal Valor Econômico, Nicolino Spina, e o vice-presidente da Rede Bandeirantes, Ricardo Saade. Estiveram presentes ainda o vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, e o presidente da Fiergs, Paulo Tigre.