Ciclo de seminários da Cientec debate novas potencialidades do carvão gaúcho
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Duas palestras sobre carvão integraram o ciclo de seminários da Cientec, compondo a programação da Semana Estadual de Ciência e Tecnologia. Nessa quinta-feira (22), o assunto foi acompanhado por estudantes, representantes da CRM - Companhia Rio Grandense de Mineração, entre outros profissionais interessados no tema.
O geólogo Geraldo Mario Rohde, doutor em ciências ambientais e pesquisador do Departamento de Geotecnia da Cientec palestrou sobre "Utilização das cinzas como imagem positiva para o carvão".
Rohde iniciou sua apresentação fazendo uma comparação entre a quantidade de cinzas emitidas pelos vulcões e as cinzas geradas em centrais termelétricas, mostrando que as cinzas artificiais, cerca de 780 milhões de toneladas/ano, ultrapassam em muito as naturais. Apresentou os polos produtores de cinza no RS: Candiota e Região Metropolitana. O pesquisador demonstrou como as cinzas podem evoluir da situação de resíduos para minério e coprodutos da conversão termelétrica.
Tendo em vista que o carvão gaúcho gera cerca de 50% de cinzas quando é utilizado, Rohde reafirmou sua ideia de que "as cinzas são a outra metade do carvão" e devem ser utilizadas como matérias-primas, sendo o diferencial competitivo das centrais termelétricas.
Os principais tipos de utilização no mundo foram apresentados, havendo atenção para os projetos da Cientec, na temática de pavimentos, blocos e tijolos, zeólitas, bem como o acompanhamento de experiências como o cimento Portland, cal pozolânica e dormentes inovadores.
Rohde conclui dizendo que "as cinzas passam a melhorar a imagem do carvão gaúcho e constituem verdadeiro diferencial competitivo da geração termelétrica em relação às outras formas de energia".
Potencialidades do carvão mineral gaúcho
Já o pesquisador do Departamento de Engenharia de Processos da Cientec, Guilherme de Souza, destacou as potencialidades do carvão mineral gaúcho, apontando as diversas oportunidades para se explorar esse recurso abundante do Estado (90% do total no país, sendo 3,5 vezes superior à energia que o país possui em termos de reservas de petróleo), bem como a sua pouca exploração a despeito de ser uma energia firme (independente de fatores climáticos) e da crise energética do país.
O pesquisador também falou da possibilidade de explorar o carvão mineral sem agredir o meio ambiente além do impacto que outras fontes com maior participação na matriz energética promovem. Além da geração de energia elétrica por meio da termeletricidade, apontou alternativas promissoras para o uso do carvão mineral, agregando maior valor a este recurso fóssil.
De acordo com Souza, por meio da carboquímica, o carvão mineral poderia suprir diversas demandas do Estado, dentre as quais o gás natural sintético para uso veicular, domiciliar e industrial (o qual é importado de países como a Bolívia), combustíveis líquidos como gasolina e diesel; metanol, insumo químico, igualmente importado, com potencial de atender a cadeia de biodiesel ou como intermediário para a síntese de produtos químicos, podendo ser uma alternativa para suprir a nafta ao Polo Petroquímico de Triunfo-RS; hidrogênio para atender a indústria de transformação e células a combustível e fertilizantes ( insumo importado e fundamental para atender ao agronegócio), para o qual o moderado a alto teor de enxofre dos carvões gaúchos seria um atrativo.
Falou ainda da demanda do setor siderúrgico, que importa todo o carvão mineral para este fim no país, enquanto que o carvão mineral gaúcho poderia ser beneficiado ou misturado para atingir os requisitos necessários, ou explorado diretamente (pela rota de redução direta do ferro).
Texto: Viviani Silveira/Cientec
Edição: Cristina Lac/Secom