Capacitação e renda libertam mulheres da violência
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Vinte mulheres em situação de vulnerabilidade resolveram colocar a mão na massa e aprender a construir uma nova vida. Em agosto, as alunas do curso de construção civil de Balneário Pinhal, no Litoral Norte, vão se formar e ganhar uma profissão. Outras 20 mulheres sonham em sustentar suas famílias fazendo o que gostam em Pejuçara, no Noroeste do Estado: corte e costura. Ampliar a autonomia das mulheres por meio de capacitação profissional e inserção no mercado de trabalho é uma das metas do governo do Estado. Inserido na política nacional de atendimento às mulheres em situação de violência, o Executivo estadual segue implantando ações e serviços especializados.
De acordo com o secretário da Justiça e dos Direitos Humanos, Cesar Faccioli, em 90% dos casos de violência contra a mulher, o agressor é o chefe da família. "Por isso, um dos focos do projeto do governo do Estado é fomentar a capacitação e inserção da mulher no mercado de trabalho", afirma. A diretora do Departamento de Políticas para as Mulheres da Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos (SJDH), Salma Farias Valencio, insiste que promover a autonomia socioeconômica da mulher significa quebrar o ciclo de violência. "Capacitar a mulher para o mercado de trabalho é torná-la protagonista da própria história, com independência, dignidade e respeito, e com a chance de dar uma vida melhor aos filhos", enfatiza.
No segundo semestre de 2015, a SJDH lançará edital de licitação para contratação de empresa responsável pela organização de cursos de capacitação na área da construção civil, com oferta de 500 vagas. O processo licitatório é resultado de convênio firmado com o governo federal em 2011. Serão cursos nos moldes do que a ONG Mulheres em Construção está dando no Túnel Verde, em Balneário Pinhal.
Transformação do cotidiano
Em agosto, 20 mulheres em situação de vulnerabilidade e violência, incluídas no cadastro único da assistência social, entregarão uma sala para ampliar o espaço físico do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Túnel Verde. Na sala, funcionará uma cozinha, que servirá de local para cursos de higiene, reaproveitamento e congelamento de alimentos.
A diretora do Departamento da Mulher e dos Direitos Humanos de Balneário Pinhal, Telma Miranda Cordeiro, afirma que o foco do curso são a inclusão social e a independência feminina por meio da transformação da vida cotidiana das mulheres e do aumento da geração de renda. Segundo ela, os recursos foram demandados na Participação Popular e Cidadã de 2013.
As alunas têm transporte, três refeições e creche para os filhos de zero a 6 anos. E no contraturno da escola das crianças acima dos 7 anos, são ministradas oficinas no CRAS, como a oferecida pela ONG Nordestão, que desperta o amor pela fotografia há dez anos nas comunidades carentes do Pinhal.
Histórias de vida
A conclusão do curso marcará o recomeço para Darla Regina da Rosa Rodrigues, 33 anos. Mãe de Júlia, 3 anos, Darla saiu de Canoas quando a filha tinha quatro meses, depois de denunciar o marido por agressão. E com o apoio da família e da rede de assistência de Pinhal, decidiu vencer o medo e acreditar que uma nova vida seria possível. As histórias de Darla, de Rosa Angela Ludwig, 48 anos, que, de aluna do primeiro curso de 2013, passou a ser monitora da capacitação e microempresária, e do início da carreira profissional de Nicole Steijer Corrêa, 18 anos, são contadas em matéria que pode ser assistida acessando a TV Piratini.
Corte e Costura
Em Pejuçara, a 381 quilômetros de Porto Alegre, o cadastro único de assistência social foi o principal requisito para preencher as 20 vagas do curso de capacitação em corte e costura, ministrado pelo Senac-Ijuí, com recursos do Estado via Consulta Popular. As aulas são noturnas e ocorrem no Centro do Idoso da cidade. A secretária municipal de Assistência Social, Trabalho e Habitação, Daiane Maccangnan Porn, afirma que a proposta é construir junto com essas mulheres a capacidade de elas se enxergarem parte ativa da sociedade. "Mostrar que elas são determinantes, capazes de interagir, mudar e transformar", ressalta Daiana. O próximo curso começa já no segundo semestre e será de pintura predial.
Texto: Mirella Poyastro/Palácio Piratini
Edição: Rui Felten/CCom