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A quem interessa um RS sem ferrovia?

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Gabriel Souza
Por Gabriel Souza

O Rio Grande do Sul nasceu olhando para os trilhos. Foi a ferrovia que integrou colônias, cidades e regiões produtivas, impulsionando a agricultura, a indústria e a presença gaúcha no comércio internacional. Mas, justamente quando o Estado vive um salto histórico de produtividade e o porto de Rio Grande se consolida como um dos principais corredores de exportação do país, o governo federal conduz o modal ferroviário a um processo de isolamento e despriorização.

As definições tomadas em Brasília para a renovação da concessão prevista para 2026 não dialogam com os interesses estratégicos do RS. Pelo contrário, favorecem a atual concessionária - a Rumo Logística -, restringem a concorrência e limitam a entrada de novos operadores. O movimento resulta na manutenção de uma estrutura ferroviária pouco integrada e incapaz de atender à crescente demanda do agronegócio e da indústria. Ao que parece, o governo federal está abandonando o Corredor Mercosul, que liga Uruguaiana a São Paulo num trecho de mais de quase 1.900 km, uma rota fundamental de conexão com o restante do país.

Com isso, o RS segue limitado por uma infraestrutura ferroviária que não acompanha nosso ritmo de crescimento justamente quando ampliamos a produção de grãos, proteína animal e celulose, e ganhamos espaço no mercado internacional. O resultado é um paradoxo: somos produtivos e competitivos, mas continuamos com uma espinha dorsal logística tratada com desinteresse estrutural pelo governo federal. O Estado não está fora dos trilhos por incapacidade própria, e sim porque a União insiste em um modelo de concessão que não vê a ferrovia como política pública capaz de impulsionar logística e desenvolvimento, apenas como um ativo empresarial.

É hora de marcar posição. E a nossa é pela integração nacional, alinhados ao Codesul - consórcio que reúne os estados de SC, PR e MS. Precisamos participar das decisões de concessão, garantir abertura real à competição, integrar ferrovia, rodovia e porto e recolocar o modal ferroviário no seu devido lugar: como instrumento estratégico de interesse público, desenvolvimento regional e futuro econômico do Estado.

Vice-governador do Rio Grande do Sul

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