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Servidoras negras lotam auditório do Centro Administrativo para discutir pautas antirracistas

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Dia das Terezas   Caroline Moreira
“As nossas memórias remanescentes são permeadas pelo racismo estrutural", afirmou Caroline, organizadora do evento - Foto: Gustavo Mansur/Secom

Cerca de cem mulheres negras que são servidoras de várias secretarias do Estado se reuniram na tarde desta sexta-feira (28/7), no auditório do Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff), em Porto Alegre, em celebração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho. No Brasil, a data é também uma homenagem a Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu no século 18. 

Denominado Dia das Terezas, o evento foi organizado pela Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), sob a coordenação da secretária-adjunta da pasta, Caroline Moreira, que é a primeira mulher negra a assumir um cargo desse tipo no governo do Estado.

Além de notabilizar as lutas e conquistas das mulheres negras, o encontro serviu para iniciar a realização de um mapeamento acerca das servidoras negras do Executivo estadual. Foram aplicados questionários durante o evento, visando o levantamento de dados.

Dia das Terezas 2023
No início da reunião, cada participante pode escolher uma dupla e trocar palavras de afeto - Foto: Gustavo Mansur/Secom

No início da reunião, houve um momento de quebra-gelo: cada participante pode escolher uma dupla e trocar palavras de afeto, valorizando os laços de união, empatia e companheirismo entre essas mulheres. Em seguida, os painéis abordaram temáticas como lideranças negras, mulheres múltiplas e saúde mental da mulher negra.

“As nossas memórias remanescentes são permeadas pelo racismo estrutural. Essas memórias vêm de um lugar de subserviência e de servidão, de sempre servir e nunca fazer parte do grupo que toma as decisões. Quando temos uma mulher negra em posição de poder, nós mudamos, ainda que simbolicamente, este imaginário”, afirmou Caroline.

Ana Maria de Souza é a primeira mulher negra a dirigir a Biblioteca Pública do Estado, em 152 anos da instituição, que é vinculada à Secretaria da Cultura (Sedac). “Temos que mostrar às pessoas que é possível. A mulher negra pode ser também a diretora ou a secretária. Nós podemos chegar a esses lugares. As portas da biblioteca têm sido abertas para a comunidade negra e escritores negros. Então, é muito importante estarmos nessas posições”, disse.

A diretora do Departamento de Gestão do Centro de Desenvolvimento dos Profissionais da Educação da Secretaria da Educação (Seduc), Naomy Oliveira, ressaltou que o Estado realizou um levantamento sobre estudantes negros a fim de aprimorar políticas públicas educacionais dirigidas a esse grupo. “E nós queremos qualificar ainda mais esses dados. É preciso esse olhar de responsabilização enquanto gestores públicos educacionais, porque podemos realizar mudanças”, pontuou.

O secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Mateus Wesp, prestigiou o encontro e destacou a importância de dar voz e visibilidade às mulheres negras. “O Estado tem se tornado e buscado ser mais inclusivo e unir todos os gaúchos pelo futuro. Por isso, este evento é tão importante, trazendo diversas palestras e falas que nos ajudam a compreender o quanto nós temos que avançar do ponto de vista da inclusão”, ressaltou.

O evento contou também com a participação das servidoras Glória Crystal, Sanny Figueiredo, Giseli Consuelo, Carmem Goulart, Priscila Pereira, Verônica Santos e Cláudia Madlene, além da presença de Gabriela Macedo, líder do Comitê Igualdade Racial do Grupo Mulheres do Brasil, e de Gisele Tertuliano, da Secretaria de Saúde de Cachoeirinha.

Texto: Juliana Dias/Secom
Edição: Vitor Necchi/Secom

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