Margs apresenta O Museu Sensível
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As obras de 132 artistas mulheres compõem a exposição O Museu Sensível, que o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), em parceira com a Secretaria de Políticas para as Mulheres e com o Coletivo Feminino Plural, inaugurou na noite dessa segunda-feira (19), com a presença do secretário de Estado da Cultura, Luiz Antonio Assis Brasil, e da primeira-dama Sandra Genro.
A exposição é composta por obras exclusivamente da coleção do museu, a grande maioria delas nunca antes exibidas pela instituição, assim como obras consideradas canônicas, já conhecidas do grande público, localizadas no período entre meados do século 19 e a contemporaneidade. O secretário Assis Brasil lembrou dados históricos de arte produzida por mulheres e cumprimentou a diretoria do Margs pela iniciativa.
Esta é uma exposição memorável que complementa o trabalho desenvolvido no Margs em 2011, de exposições que estão fazendo história, salientou o secretário da Cultura. Assis Brasil saudou Francisco Alves, o curador, pela atuação silenciosa e de grande talento que vem desenvolvendo. O museu tem mostrado seu acervo sob outra perspectiva, de modo que este acervo se transforma em muitos acervos. As mulheres, desde sempre, tiveram manifestações artísticas, mas cito, em tempos anteriores a Cristo, a grande poeta Safo, enfatizou o secretário.
Pinturas rupestres
O titular da Cultura observou que as pinturas rupestres só podem ter sido feitas por mulheres. Aquelas mãos espalmadas nas cavernas são mãos femininas, com certeza. Então, por isso, esta exposição significa todo esse universo de conhecimento e de sensibilidade, enfatizou Assis Brasil.
A coordenadora do Coletivo Plural, Telia Negrão, citou Simone de Bouvoir. O convite do diretor do Margs foi uma excelente provocação. No momento em que nós do movimento feminista fazemos uma profunda reflexão sobre a necessidade de ir além das leis, além das políticas públicas de serviços, disse. Ela observou, ainda: Nenhum destino biológico, psíquico ou econômico define a forma que a fêmea humana assume no cerco da sociedade. Estamos aqui apoiando esta proposta de sensibilizar museus e contaminar os olhos. Também, de certa forma, fertilizando a possibilidade de novas culturas conceituais. Eu vejo novos tempos por aqui com alegria e com esperança, finalizou.
Artistas mulheres
O diretor da instituição, Gaudêncio Fidelis, agradeceu à sua equipe pelo trabalho e apresentou a proposta da mostra. A exposição que abrimos hoje mostra a disposição do Margs de promover uma análise da formação de sua coleção e dar sua contribuição para corrigir, de imediato, as lacunas históricas que muitas vezes relegaram a produção de artistas mulheres ao segundo plano dentro das coleções museológicas.
Gaudêncio Fidelis acrescentou que O Museu Sensível é um acontecimento histórico para a trajetória do Margs. Até hoje não houve uma exposição sobre a coleção do museu com este tema e nenhuma mostra no Rio Grande do Sul com um arco histórico desta envergadura, que tivesse como abordagem exclusivamente a produção de mulheres. A disposição das obras foi pensada dentro de uma concepção do museu como um sistema reprodutivo feminino, onde o foco é o renascimento da criatividade para visibilidade pública, do conhecimento e da visualidade como potencial comunicativo.
O diretor do Museu de Arte do Rio Grande do Sul disse, ainda, que metaforicamente falando, saídas da escuridão da reserva técnica do museu, estas obras são trazidas à luz para o espaço de exposição. Também estiveram presentes na cerimônia de abertura da exposição o ex-governador Olívio Dutra, a coordenadora Regional do Ministério da Cultura, Margarete Moraes, a presidente da Câmara Municipal, Sofia Cavedon, a diretora do Atelier Livre de Porto Alegre, Deisi Viola, vereadores, lideranças e feministas e diretores das instituições da Sedac.
Texto e foto: Maria Emilia Portella
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