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Agroecologia é o caminho para a sustentabilidade", afirma presidente da Emater

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Lino De David destacou os avanços nas políticas públicas de incentivo à produção orgânica: Emater/RS-Ascar acompanha 22 mil produtores agroecológicos e em transição
Lino De David destacou os avanços nas políticas públicas de incentivo à produção orgânica: somente a Emater/RS-Ascar acompanha - Foto: Kátia Marcon

Mais de 500 pessoas acompanharam, na manhã desta quarta-feira (26), no Auditório Dante Barone, da Assembleia Legislativa do RS, em Porto Alegre, a abertura do XIV Seminário Estadual e XIII Seminário Internacional sobre Agroecologia.

A solenidade contou com a participação de representantes da Emater/RS-Ascar, Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR/RS) e da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Embrapa Clima Temperado, Assembleia Legislativa do RS, UFRGS e Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

“O desenvolvimento sustentável é um processo complexo e global, e não se refere apenas à produção agroecológica. É preciso pensar também em outros aspectos, como a educação e a cultura de agricultores e agricultoras”, afirmou o presidente da Emater/RS, Lino De David. Nas últimas décadas, desde as primeiras lutas ambientais nos anos 1970, conforme De David, foram dados passos importantes com relação ao desenvolvimento da Agroecologia, com avanços significativos nas políticas públicas. “A Agroecologia é o caminho sem volta do ponto de vista da sustentabilidade”, frisou o presidente da Emater/RS.

O diretor técnico da Emater/RS e um dos responsáveis pela realização dos seminários, Gervásio Paulus, afirmou que os eventos são um importante espaço de debates entre técnicos, cidadãos e agricultores, para orientar estilos de agricultura de base ecológica e estratégias de desenvolvimento rural que tenham como base os princípios da Agroecologia.

Paulus fez um breve relato histórico dos seminários, com destaque para o ano de 2003, quando foi realizado também o primeiro Congresso Brasileiro de Agroecologia. “Nesta jornada de 15 anos, tivemos a participação de importantes colaboradores e palestrantes, que compartilharam suas vivências e experiências para ajudar a Agroecologia a avançar, através de um processo de construção participativa”, destacou. Na edição deste ano, o diretor técnico ressalta as atividades em que serão mostradas experiências concretas de agricultores e produtores, através de visitas a propriedades de Porto Alegre.

A transição do modelo de agricultura convencional para o agroecológico foi a temática que permeou o discurso do titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), Ivar Pavan. O secretário chamou a atenção para a liderança do Brasil no que diz respeito ao consumo de agrotóxicos. “Somos o maior consumidor de agrotóxicos no mundo, respondendo por 19%, o que equivale a 5,2 litros de agrotóxicos por habitante ao ano”, disse.

Pavan citou inúmeras políticas públicas que têm colaborado para o desenvolvimento da produção sustentável no Estado – o Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor de orgânicos no Brasil -, como o Programa de Agricultura de Base Ecológica, além do trabalho realizado pela Emater/RS-Ascar, que acompanha 22 mil produtores agroecológicos e em transição. Para o titular da SDR, a construção do modelo agroecológico passa pela construção da autonomia do produtor, num modelo em que o agricultor torna-se o protagonista.

"Vivendo os princípios Agroecológicos"
Após a abertura oficial, ocorreu a palestra com a engenheira agrônoma do Centro Ecológico de Ipê, Maria José Guazzelli, militante e defensora da Agroecologia há mais de 30 anos. Em sua fala, Maria José falou sobre novas tecnologias que, devido à falta de pesquisas e de regulamentação, podem vir a comprometer a agricultura familiar e a sustentabilidade do meio ambiente, como os transgênicos, os agrotóxicos e a biologia sintética.

Ela explica que já existem no mercado produtos de material sintético com aroma e sabor de muitas plantas, como artemísia, açafrão, vetiver, patchouly e stévia, o que compromete o trabalho de agricultores que dependem do cultivo e comercialização dessas plantas. Maria José citou ainda uma fábrica que produz leite em laboratório na Irlanda, ainda não em escala comercial, "sob a justificativa, por exemplo, de evitar altas concentrações de animais".

"A Agroecologia é a saída, pois estimula o consumo local, a circulação de mercadorias em circuitos mais curtos, com menos impactos ao ambiente, promove a melhoria de renda e o empoderamento das famílias, que conhecem e têm o domínio do que fazem", afirmou, ao citar a Agroecologia como a solução para o que ela considera os dois sintomas mais agudos da crise civilizatória atual: a insegurança alimentar e as mudanças climáticas. "A Agroecologia é uma grande ferramenta que temos nas mãos, pois é democrática, nos dando todo o propósito de realizar eventos como este", finalizou.

Os seminários prosseguem até sexta-feira (28), na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre. A programação completa pode ser conferida no site da Emater/RS-Ascar.

Texto: Júlio Fiori
Edição: Redação Secom

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