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Pesquisa aponta aumento dos rendimentos médios dos trabalhadores negros na Região Metropolitana

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PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 18.11.14: FEE, Dieese e FGTAS divulgam boletim sobre inserção do negro no mercado de trabalho da Região Metropolitana. Foto: Andressa Moreira
Relatório mostra uma pequena melhora nas condições dos negros e negras - Foto: Andressa Moreira

A Fundação de Economia e Estatística (FEE), o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) divulgaram na manhã desta terça-feira (18) os indicadores da inserção do negro no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA). O relatório mostra uma pequena melhora nas condições dos negros e negras.

O estudo - apresentado nesta manhã por conta do Dia da Consciência Negras, comemorada na próxima quinta-feira (20) - aponta que os rendimentos médios dos trabalhadores negros registraram uma elevação para o total dos ocupados negros, aumentando de R$ 1.297, em 2012, para R$ 1.335, em 2013, variação de 2,9%. Conforme a supervisora da pesquisa, a economista Dulce Vergara, alguns traços de preconceito e de diferenciação em cargos e salários persistem.

"Mesmo que em um ritmo muito lento, as diferenças aos poucos estão diminuindo. Isso nos dá um pouco de otimismo, mas também mostra que muito ainda precisa ser feito. Os negros, e principalmente as negras, ainda são aqueles que têm as piores posições e os piores salários no mercado de trabalho", lamenta Dulce.

Dados
Os negros, que representam 12,3% da população economicamente ativa na Região Metropolitana, tiveram rendimentos médios que demonstram uma elevação para o total dos ocupados negros (2,9%), enquanto para os não negros, os rendimentos passaram de R$ 1.851 para R$ 1.901, variação de 2,7%. A taxa de participação no mercado de trabalho da população negra apresentou leve redução, de 56,1% em 2012 para 55,8% em 2013. Para a população não negra, ocorreu comportamento semelhante da taxa de participação, que passou de 57,1% em 2012 para 56,6% em 2013.

Mercado de Trabalho
A População Economicamente Ativa (PEA) negra, na RMPA, declinou em 13 mil pessoas em 2013, enquanto a não negra teve um acréscimo de 9 mil indivíduos. Assim, a relativa estabilidade da força de trabalho total, em 2013, deveu-se a comportamentos antagônicos de negros e não negros que, praticamente, se compensaram.

A taxa de desemprego apresentou diminuição entre 2012 e 2013, em ambos os casos analisados. Os negros tiveram reduzida a taxa de desemprego total de 10,5% da respectiva PEA em 2012 para 8,7% em 2013, enquanto, entre os não negros, esta passou de 6,5% para 6,0% da PEA no mesmo período.

A variação das taxas de desemprego para o período em análise indica que a queda do desemprego total para os negros foi maior (-17,1%) do que para os não negros (-7,7%). Esses comportamentos contribuíram para reduzir a diferença de incidência do desemprego entre os dois grupos populacionais. Ocorreu também diminuição no desemprego aberto tanto para negros como para não negros.

Mulheres Negras
Com relação à mulher negra, a economista da FEE, Dulce Vergara, afirma que uma das hipóteses da maior variação das taxas de desemprego avaliadas tomando como base os homens negros é de que haja uma dupla discriminação. "Esse ainda é o dado mais estarrecedor, as mulheres negras ocupam os piores cargos e ganham os piores salários. Acreditamos que existe um duplo preconceito embutido: por ser mulher e negra. É algo para ser fortemente combatido".

Em 2012, a taxa de desemprego da mulher negra era de 12,1%, passando, em 2013, para 9,8% da respectiva PEA, e a do homem negro, que era de 9,0%, passou para 7,6% em 2013. Na análise da variação 2013/2012, constata-se que houve queda da taxa de desemprego para todos os segmentos, mas, nesse período, a variação foi maior para as mulheres negras (-19,0%) e para os homens negros (-15,6%), frente às observadas nas taxas das mulheres não negras (-6,6%) e dos homens não negros (-8,9%).

Texto: Euclides Bitelo
Edição: Redação Secom

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