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Estado apresenta plano de ações para o enfrentamento e contingência ao vírus ebola

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Estratégia foi apresentada pela SES para as regionais e 33 municípios prioritários
Estratégia foi apresentada pela SES para as regionais e 33 municípios prioritários - Foto: Bárbara Barros/SES

A Secretaria Estadual da Saúde (SES) apresentou nesta quinta-feira (23) o plano de ação e enfrentamento do vírus ebola às vigilâncias regionais e municípios prioritários. A reunião foi realizada em Porto Alegre, no auditório do Ministério da Saúde, e contou com a participação de técnicos das vigilâncias epidemiológicas, sanitárias ou assistência das 19 regionais da SES e de outros 33 municípios (que sejam sede dessas coordenadorias, de fronteira internacional ou com mais de 100 mil habitantes).

O plano tem por objetivo descrever as ações de Vigilância e Atenção em Saúde a serem executadas frente a um caso suspeito, com foco na detecção precoce, proteção dos profissionais de saúde e contenção da transmissão. A médica sanitarista da SES responsável pelo plano, Marilina Bercini, destaca que é pequeno o risco do país e o Estado registrarem a doença. E detalhou os motivos.

"Pelas características de transmissão, que não acontece pelo ar; o potencial de disseminação, apenas no período no qual a pessoa apresenta sintomas; e por não haver voos diretos com os países da África com intenso registro de casos (Serra Leoa, Libéria e Guiné), as chances do Brasil e o Estado virem registrar o ebola são poucas", afirmou.

No entanto, Bercini ressaltou que isso não significa que não seja necessária atenção e planejamento. "Mesmo com uma possibilidade remota, precisamos estar preparados para uma eventualidade quanto a detecção precoce". O plano estadual de contingência é baseado no Protocolo de Vigilância e Manejo de casos suspeitos, emitido pelo Ministério da Saúde. As ações pertinentes devem ser desencadeadas a partir da definição de caso suspeito de ebola, que no momento atual é:

- Indivíduo procedente, nos últimos 21 dias, de país com transmissão disseminada ou intensa de ebola (Libéria, Guiné e Serra Leoa) que apresente febre de início súbito, podendo ser acompanhada de sinais de hemorragia, como: diarreia sanguinolenta, gengivorragia (sangramento das gengivas), enterorragia (sangramento intestinal), hemorragias internas, sinais purpúricos (manchas vermelhas ou roxas na pele) e hematúria (sangue na urina).

- Uma vez que o cenário epidemiológico atual aponta para a possibilidade de viajantes (brasileiros ou estrangeiros) chegarem ao nosso estado com sinais e sintomas compatíveis com a doença, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está reforçando os cuidados junto aos pontos de entrada (aeroporto e porto de Porto Alegre, Porto do Rio Grande e as fronteiras secas de Uruguaiana, São Borja, Santana do Livramento, Jaguarão e Chuí).

- De acordo com os protocolos nacionais e internacionais, a presença de passageiro ou tripulante com anormalidade clínica compatível com quadro suspeito de ebola deverá ser comunicada às autoridades sanitárias. O caso será avaliado e, se o caso for enquadrado como suspeito, o Samu será acionado para levar o paciente até o aeroporto Salgado Filho, na Capital, para a transferência ao hospital de referência nacional (o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro/RJ).

- No caso de um suspeito procurar atendimento em um serviço de saúde, após a identificação da suspeita o paciente deve ser isolado imediatamente e as vigilâncias em saúde do município e/ou Estado, que por sua vez avisarão o Ministério da Saúde. Na sequência, o Samu será acionado para la transferência ao hospital de referência nacional.

- Caso a transferência não possa ser realizada de imediato pelas condições de saúde do paciente, ele será primeiramente encaminhado para o hospital de referência estadual, o Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre. Lá ele será colocado em quarto de isolamento até que seja possível a viagem para o RJ.

- Além disso, as autoridades de saúde do município e/ou Estado farão em paralelo a identificação dos possíveis comunicantes do caso suspeito (familiares, colegas de trabalho, outros pacientes no serviço de saúde) e os manterão sob monitoramento por 21 dias.

Alertas
Desde dezembro de 2013, a África Ocidental vem enfrentando um surto de doença pelo vírus ebola, sendo que Guiné, Libéria e Serra Leoa são os países onde há transmissão acelerada de pessoa para pessoa. Nigéria e Senegal também tiveram registro de casos em menor proporção e não são considerados livres de transmissão intensa da doença. Fora da África, foram confirmados casos isolados nos Estados Unidos e Espanha (casos importados de países endêmicos e profissionais que atenderam a esses).

Em agosto deste ano a Organização Mundial de Saúde declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, para alerta dos países e mobilização de recursos para as áreas afetadas. A partir de então, o Ministério da Saúde vem trabalhando junto aos Estados para a organização do setor nas áreas de vigilância e assistência, com foco na detecção de casos suspeitos, proteção dos profissionais e contenção da transmissão.

A doença
O ebola é uma doença viral de notificação compulsória imediata, com período de incubação de 1 a 21 dias. É importante ressaltar que a transmissão da doença só ocorre por pacientes que estiverem apresentando sintomas e não acontece por via aérea. Não há risco de contaminação durante o período de incubação, pois a transmissão do vírus ocorre somente após o início dos sintomas, por meio do contato direto com sangue, tecidos ou fluidos corporais de indivíduos infectados ou do contato com superfícies e objetos contaminados.

São considerados casos suspeitos, pessoas provenientes de países atingidos nos últimos 21 dias que apresentem febre súbita e hemorragias. Os casos só serão comprovados através de resultado laboratorial conclusivo, realizado em laboratório de referência e confirmado por duas amostras.

A doença não possui tratamento específico, apenas medidas de suporte à vida, com terapia intensiva para casos graves, controle de infecções, isolamento e uso de equipamentos de proteção por parte dos profissionais de saúde. Não existe vacina contra o ebola. A prevenção é evitar contato com sangue ou secreções de doentes e com o corpo de pessoas que foram a óbito em decorrência da doença.

Texto: Assessoria SES
Edição: Redação Secom

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